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Como jogar no placard online

Duas grandes penalidades distribuídas por cada uma das equipas ditam resultado final da partida.

Duas grandes penalidades distribuídas por cada uma das equipas ditam resultado final da partida.

O SC Braga/AAUM recebeu, este domingo, a AD Fundão numa partida a contar para a 22.ª jornada da Liga Placard. O encontro realizado no Pavilhão da Universidade do Minho ficou marcado pelo equilíbrio e terminou com um empate a uma bola.

O jogo começou com um SC Braga/AAUM mais forte, a criar duas grandes oportunidades logo nos primeiros cinco minutos. Mas a equipa do Fundão reagiu rapidamente às ameaças do adversário e, apesar das várias tentativas de inaugurar o marcador, a bola teimou em não entrar na baliza de Leandro. Desde os primeiros minutos do encontro, que ficaram bem visíveis as dificuldades de finalização de ambas as equipas.

A partida continuou de forma muito disputada, com as equipas encaixadas, a defender bem as investidas do adversário. As oportunidades continuaram a surgir com bastante frequência, tanto para os minhotos como para o clube de Castelo Branco. No entanto, o resultado continuava bloqueado devido à falta de eficácia no momento de finalizar.

A bola parecia não querer entrar em nenhuma das balizas, até que a dois minutos e meio do fim da primeira parte o árbitro apontou para a marca de grande penalidade, depois de uma mão na bola do defensor bracarense. Na marcação, Nem fez o primeiro golo da partida, colocando também a AD Fundão na frente do resultado. O encontro seguiu para intervalo com o resultado fixado em 0-1, a favor dos visitantes.

No regresso para o segundo tempo, a equipa visitante entrou mais forte, e conseguiu rapidamente arrancar duas faltas aos minhotos e criar várias oportunidades para aumentar a vantagem. Mas apesar da leve superioridade da AD Fundão, as chances de golo surgiram em ambos os lados do campo, com as equipas a desperdiçar muitas bolas no último terço. Com o apito final a aproximar-se as equipas fecharam-se cada vez mais no seu campo defensivo de forma a não sofrerem golos.

A cerca de quatro minutos do fim do jogo, o árbitro considerou que houve falta sobre Miguel Ângelo dentro da área, e voltou a assinalar grande penalidade, desta vez a favor dos Gverreiros do Minho. Na cobrança do castigo máximo, Bruno Cintra não desperdiçou e fez o empate na partida.

Com o 1-1 no marcador, o resultado ficou em aberto para os minutos finais do encontro. No entanto, o esférico não voltou a tocar em nenhuma das redes, devido à atenção dos guardiões e ao bom desempenho na zona defensiva de ambas as equipas, que pararam vários ataques perigosos do adversário.

Com este resultado, o SC Braga/AAUM soma 30 pontos e encontra-se no oitavo lugar da tabela classificativa. No próximo jogo, os minhotos deslocam-se ao recinto do Eléctrico FC, para disputar a 23,ª jornada da Liga Placard, num jogo agendado para sábado às 16 horas.

Resultados Liga Europa 2020/2021 em directo, placar, resultados, classificações

Resultados Liga Europa 2020/2021 em directo, placar, resultados, classificações

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Viagem ao mundo das vidas que o jogo destruiu (ou quase)

Viagem ao mundo das vidas que o jogo destruiu (ou quase)

Sociedade

Desespero. Nenhuma palavra descrevia melhor o estado de espírito de Verónica, 26 anos, naquele dia. A renda da casa tinha de ser paga, mas não havia dinheiro.

O namorado nem um tostão deixara na conta e, sem que ela suspeitasse, tinha-lhe gasto todos os euros que poupara com esforço. Já não bastavam os banhos de água fria, as restantes contas pagas sucessivamente para lá do prazo ou as noites de jogo madrugada dentro.

Agora, a suspeita transformava-se em certeza. Ricardo, 28 anos, estava viciado em apostas desportivas online.

Verónica decidiu ligar à mãe do namorado no mesmo instante, apesar dos seus pedidos insistentes para que os pais não desconfiassem. Quando Filipa, 52 anos, entrou no apartamento do casal, em Faro, não levava recriminações na bagagem. “A mãe não está contra ti. Se tens um problema, vamos resolvê-lo.” Mas não resistiu a perguntar-lhe o que sentia quando jogava, a resposta veio em sentido contrário: “Quando não jogo sinto uma ansiedade tão grande, tão grande”, confessou-lhe Ricardo.

Naquele dia de desespero, no início do ano passado, Filipa voltou para casa tranquila. “O meu filho abraçou-se a mim. Chorou. E disse que se ia tratar.” Agora, várias atitudes e comportamentos faziam sentido à luz da descoberta.

Depois do choque, a esperança.

Na primeira pessoa: “A única forma de deixar de jogar é baixar os braços e pedir ajuda”

Na primeira pessoa: “A única forma de deixar de jogar é baixar os braços e pedir ajuda”

Filipa assumira o papel de mãe de Ricardo quando o rapaz tinha 3 anos, altura em que conheceu o marido, Manuel, à época viúvo da mãe biológica dos seus dois rapazes. Juntos, Filipa e Manuel teriam mais dois filhos. Ricardo ficara órfão de mãe no dia do seu nascimento prematuro. A tragédia estava inscrita na sua biografia. E nos seus transparentes olhos azuis.

A ansiedade descrita por Ricardo faz parte do conjunto de sentimentos e comportamentos que o coordenador do Instituto de Apoio ao Jogador (IAJ), Pedro Hubert, 52 anos, está habituado a reconhecer nos pacientes. No ano passado, dos cerca de 300 pedidos de ajuda ou de informação recebidos na instituição, metade estavam relacionados com o jogo online, a dinheiro e não só.

Ao fim de mais de uma década de vazio legal, a lei que regulamenta a exploração de jogos e apostas online em Portugal foi aprovada em 2015, mas a primeira licença só seria atribuída em maio do ano passado. Atualmente, estão licenciadas seis entidades de quatro empresas, que se dividem entre as apostas desportivas e os jogos de casino (Betclic, Bet, Estoril Sol e Pokerstars). Também a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) planeia entrar neste mercado “em meados do verão”. E há outras 15 candidaturas em análise. A decisão cabe ao Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos (SRIJ), dependente do Turismo de Portugal, beneficiário de 77% do Imposto Especial de Jogo Online líquido cobrado nos jogos de fortuna ou azar.

Num universo de 410 mil jogadores inscritos, 10 700 pediram a autoexclusão das plataformas de apostas online licenciadas em Portugal. O equivalente a 39 pedidos diários. Nos casinos, em 2015, houve 533 autoexclusões. Estima-se que possam ser jogadores patológicos 0,3% da população (entre os 15 e os 74 anos), ou seja, quase 24 mil pessoas.

VIDAS DUPLAS

“Dependência invisível”, chama-lhe o psicólogo Pedro Hubert. Já Carlos Braz Saraiva, 66 anos, professor de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, refere-se a um “manto de secretismo”. A experiência mostrou-lhe que “podem passar anos até surgir um comportamento inopinado que denuncie o problema”. Não surpreende, assim, que muitos jogadores falem em “vida dupla”. A mesma que Ricardo foi vivendo durante a juventude.

Ana, 22 anos, não sabia o que se passava com o meio-irmão, o companheiro de brincadeiras que sempre protegia a benjamim da família, mas depois de o rapaz ir estudar para a Universidade do Algarve, em Faro, alguma coisa mudou.

“Nos primeiros tempos, ele ia muito a casa ver os pais e os irmãos, mas começou a resguardar-se cada vez mais e, quando ia, só queria ficar fechado em casa. Foi aí que comecei a sentir que ele estava diferente, menos presente.”

“O jogo não tem a mesma visibilidade de outras adições. É possível manter uma vida dupla durante muito tempo porque não há degradação física. A degradação é emocional e financeira”, explica António, 48 anos, membro dos Jogadores Anónimos (JA), um grupo de autoajuda com reuniões em Lisboa, em Carcavelos e no Porto. Nos últimos cinco anos, tem aumentado o número de jogadores adictos ao online que procuram o grupo. Nicolau, 42 anos, frequenta os encontros na capital desde que parou de jogar, há oito meses. “O vício no jogo online é muito mais fácil de esconder porque nem sequer precisamos de nos ausentar, basta ter internet por perto”, constata. Nicolau era um jogador atípico, ligado à área da informática, só apostava quando estava no emprego, onde tinha acesso facilitado a computadores.

Mas, à noite e ao fim de semana, o jogo estava permanentemente na sua cabeça. “Muitas vezes estava completamente ausente só a pensar em arranjar dinheiro para pagar as contas depois de ter gasto o dinheiro no jogo.” Ao fim de cinco meses longe das apostas desportivas, com a mulher a controlar-lhe os movimentos de conta, Nicolau não resistiu ao impulso e usou o dinheiro destinado a material escolar dos filhos para apostar. “Só aí percebi a insanidade que estava a viver e que era incapaz de parar sozinho.” Após três anos de adição (que só se manifestou ao fim de uma década de jogo, como é muitas vezes habitual), o divórcio era já inevitável, mas a sua autodestruição não. Pensou nos três filhos. Ligou para os Jogadores Anónimos, consultou um psicólogo e entregou a gestão das finanças a um amigo. Tem dificuldade em dizer números, mas estima perdas entre os 50 e os 70 mil euros. “Com muita ginástica”, conseguiu manter o emprego e as contas de casa em dia.

A sua única dívida é ao pai, a quem paga religiosamente todos os meses.

Além de estar disponível 24 horas por dia, a possibilidade de repetição é outro dos potenciais agravantes da adição ao jogo online. “Quanto mais curto o ciclo de jogo, mais aditivo ele será”, explica o presidente da Sociedade Científica Ibero-Latino-Americana para o Estudo do Jogo, Henrique Lopes, 54 anos. “Uma das formas sub-reptícias de forçar a jogar é pressionar os funcionários dos casinos a serem mais rápidos a fazer as jogadas. No online, tudo depende do ritmo da pessoa, que pode apostar simultaneamente em várias plataformas sem qualquer período de espera entre jogadas”, acrescenta o especialista. Além disso, com os smartphones é possível transportar as casas de apostas no bolso.

“Quando íamos sair, o Ricardo pegava logo no telemóvel. Às vezes, estávamos a jantar e ele ia vendo se estava a ganhar ou a perder”, revela Verónica. Aos poucos, o namorado com quem falava sobre tudo começou a esconder-lhe o jogo, mas a ansiedade era evidente.

Quando perdia dava socos na mesa. O rapaz doce e introvertido mostrava-se, agora, irritável. “Quando estou a jogar, só penso que posso ganhar e desafiar a máquina”, tentou explicar à namorada.

DOS VIDEOJOGOS ÀS APOSTAS

António começou no casino. Tal como muitos jogadores patológicos que frequentam os JA, teve “sorte de principiante”.

Na primeira vez que entrou numa sala de jogo, aos 35 anos, saíram-lhe 5 mil euros. Anos mais tarde, acabaria por se voltar, também, para o jogo online. Era no universo digital que mais se descontrolava: “Perdia completamente a noção do que estava a gastar porque não tinha o dinheiro na mão. Apostava milhares no online, o que não acontecia no jogo físico.” Viveu dois anos completamente dominado pelas apostas, abrindo mão de todos os seus códigos morais. Chegava a deixar de comer para alimentar o jogo. “Eu sabia que a minha vida estava um caos, mas quando começava a jogar esquecia tudo. O jogo traz uma anestesia muito grande, ao mesmo tempo que a aposta nos dá adrenalina”, explica o empresário.

Na fase final, já roubava para sustentar o vício. “Limitei-me ao roubo familiar e a amigos, mas se continuasse a jogar tenho a certeza que aumentaria o círculo.” Só quando ficou com as contas bancárias a zero e a família descobriu é que se viu obrigado a pedir ajuda.

A sua última jogada foi há cinco anos.

Conceição, 65 anos, achou que seria o online a afastá-la do vício do casino. Em vez de chegar a casa a chorar às 4 da manhã, passou a ter o salão de jogos dentro de casa. Em dois meses, ficou com os cartões de crédito bloqueados e sufocada pelas empresas de crédito.

Ao fim de seis anos em recuperação, continua a pagar dívidas contraídas por causa do jogo. Mas esta técnica superior da Administração Pública não é capaz de fazer contas. “Joguei mesmo muito dinheiro.” Um estudo do British Gambling Prevalence Survey estima que, no Reino Unido, os jogadores problemáticos contribuam com mais de 20% do dinheiro gasto em alguns tipos de apostas. Em Portugal, o IAJ calcula que o valor médio de dívida dos jogadores que recorrem à instituição seja de 30 a 40 mil euros.

O jogo patológico integra o catálogo das doenças reconhecidas pela Organização Mundial da Saúde e faz parte do leque das perturbações do controlo do impulso. “A impulsividade é um traço geneticamente marcado, que tem a ver com o temperamento. A compulsividade é a resposta consequente”, esclarece Carlos Braz Saraiva. Já o investigador Rui Magalhães, 44 anos, autor de uma tese de mestrado sobre o jogo a dinheiro na internet, explica que “relativamente ao controlo sobre o impulso e à capacidade de maior racionalização do comportamento, está demonstrado que os indivíduos com idades inferiores a 21 anos, idade em que o córtex pré-frontal se encontrará completamente desenvolvido, têm maior propensão para comportamentos aditivos e de risco.”

O psiquiatra João Reis, 34 anos, assistente no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa, não nega o aumento do número de jogadores online, mas alerta que “não se pode dizer que haja mais jogadores patológicos do que antes, simplesmente há uma derivação para o online, evidente entre os mais jovens, porque são as gerações mais novas aquelas que têm acesso mais facilitado à internet.”

Quando reconstrói os passos de jogador do filho, Filipa destaca o último verão antes da ida para a universidade. Em vez de se ocupar com um emprego de verão como era hábito, Ricardo passou as férias em casa. A jogar. “Nessa altura, ele jogava videojogos online. Só descia para comer, andava de calções e t-shirt o dia inteiro, e não dormia de noite. Tinha 18 anos, eu achava que era uma coisa de adolescente.” Ricardo era o mais sossegado dos quatro irmãos. Aquele que gostava de agradar a toda a gente. Tornava-se difícil contrariá-lo.

O psicólogo João Faria, 37 anos, tem identificado padrões de comportamento aditivos semelhantes entre os videojogos e o jogo a dinheiro. “O que está em causa é a ideia de um ganho e de um reforço positivo e intermitente”, sublinha o também coordenador do Núcleo de Intervenção no Comportamento Online do PIN Progresso Infantil. Alguns videojogos implicam subscrições mensais e já levaram vários pacientes seus a usarem os dados dos cartões de crédito dos pais contraindo dívidas que ascenderam aos dois ou três mil euros. “Os jovens que tiverem um historial de adição a videojogos têm um risco acrescido de desenvolverem outras dependências, como as apostas online”, enfatiza. Apesar de não definir um perfil rígido, João Faria identifica a fuga à realidade como uma das principais motivações para os jovens jogadores. “Os adolescentes que sentem uma grande falta de competência no contexto escolar, ao nível das relações sociais ou da avaliação, veem-se como muito mais competentes no jogo.” A aceitação social perante estar sempre online facilita que a adição seja camuflada.

“Este fenómeno merece muita preocupação porque acredito que está subdiagnosticado”, conclui.

A investigadora Ivone Patrão, 40 anos, não duvida que “é fácil ludibriar o sistema”. A docente do ISPA Instituto Universitário está ligada a vários projetos de sensibilização nas escolas, sobretudo a nível dos videojogos, mas também do jogo a dinheiro. “Os adolescentes têm muitas competências e conseguem dar a volta. Há imensos tutoriais online sobre como contrariar as barreiras”, afirma a também psicóloga do Núcleo de Utilização Problemática de Internet (NUPI) do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, a primeira consulta no Serviço Nacional de Saúde especialmente dirigida a jovens entre os 15 e os 30 anos com problemas de adição associados à internet.

No inquérito conduzido pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) a jovens com 18 anos, 15% dos inquiridos admitiram jogar em apostas online (dados de 2015). João Almeida, 39 anos, do Observatório do Jogo Responsável, acredita que não é assim tão fácil contornar o sistema de verificação da idade. “É preciso algum engenho para uma criança ir buscar o Cartão de Cidadão e o cartão de crédito de um adulto.”

OS RISCOS DA ILEGALIDADE

“Menores nos sites de apostas online é o pão nosso de casa dia”, garante no entanto o experiente Nicolau. “Conheço vários companheiros que começaram a jogar aos 15 anos. Bastou-lhes digitalizar o Cartão de Cidadão de um adulto.” Daniel, 24 anos, é um desses casos.

Fez as primeiras apostas aos 16 anos, escondendo-se atrás da identidade do pai (ver caixa Primeira Pessoa). Da brincadeira ao vício bastaram alguns anos.

“No terceiro ano de faculdade, estoirei as Bolsas de Mérito dos dois anos anteriores. A Bolsa de Estudos e todo o dinheiro que eu recebia mensalmente era canalizado para o jogo.” Formado em Recursos Humanos, Daniel era também uma autêntica enciclopédia ambulante, sabia tudo sobre os vários campeonatos e modalidades em que apostava. Os pais e a namorada, os únicos que deram conta do problema, viam o dinheiro desaparecer, mas não lhe notavam grandes compras ou despesas.

“Confrontaram-me várias vezes, mas o jogador é manipulador. Eu facilmente arranjava justificações para tudo, dizia que tinha ido sair com amigos, arranjava faturas falsas. Não é fácil a família lidar com essas situações. O jogador dificilmente admite que é jogador.” O mesmo se passou com Ricardo. Sempre que pedia dinheiro extra à mãe, havia uma desculpa pronta. A renda de casa, propinas, fotocópias. “Ele pedia sempre dinheiro por mensagem. Tinha vergonha de o fazer de viva-voz”, acredita Filipa. Com várias cadeiras por fazer do curso na área de ciências, foi trabalhar para uma empresa do ramo da saúde.

Tinha 25 anos. Mesmo assim, os pedidos de mais dinheiro continuavam a chegar, aos €100 e 200 euros. A meia-irmã só mais tarde percebeu que os pagamentos que o irmão muitas vezes lhe pedia para fazer no multibanco, e que pensava serem contas, estavam relacionados com o jogo. Durante muito tempo, Ricardo deixou de ter conta bancária e cartão multibanco. As transferências eram feitas para a conta da namorada, à qual também tinha acesso. Filipa acredita que seria um mecanismo de defesa para controlar os gastos. Estranhou quando uma amiga lhe perguntou se tinha gostado do presente que o filho tinha dito que lhe ia oferecer. “Ele nunca dava presentes a ninguém. Gastava sempre o dinheiro todo.”

Todas as empresas licenciadas até agora encaminham os jogadores problemáticos para a Linha Vida (1414), dependente do SICAD, a funcionar apenas nos dias úteis das 10h às 18h (só a SCML tem a sua própria linha). O presidente do SICAD, João Goulão, admite que “a capacidade de resposta da Linha Vida tem de ser complementada”.

Daniel perdeu a conta às vezes que colocou limites diários, semanais ou mensais ao volume de apostas que podia fazer. “Eu estabelecia uma quantia e 24 horas depois já estava a alterá-la. Além disso, se me apetecesse, punha um limite num site e depois abria uma conta noutro qualquer. Cheguei a jogar em 15 ou 20 casas de apostas ao mesmo tempo.” A limitação dos montantes apostados é um dos mecanismos previstos na lei, assim como temporização do jogo, por exemplo. As empresas também estão obrigadas a prestar informação sobre as regras do Jogo Responsável habitualmente alojadas em zonas recônditas das páginas. Paula Marques, 65 anos, técnica superior de Saúde do SICAD, lamenta que, por vezes, a informação sobre os perigos da dependência do jogo seja um mero “corta e cola que no final até apela para continuarem a jogar. Um contrassenso”.

E não é o único. Quando Nicolau decidiu parar de jogar, ao fim de dois dias de ter pedido a autoexclusão num site, foi surpreendido com uma promoção dessa mesma empresa no email que lhe oferecia 100 euros para jogar.

Apesar das falhas, o presidente da Associação Nacional de Apostadores Online (ANAon), Paulo Rebelo, 34 anos, acredita que a autoexclusão online funciona melhor do que nos casinos onde, “em vez de um software que bloqueia o acesso de determinado número de contribuinte, é um porteiro que tem de estar atento às caras dos jogadores autoexcluídos”. João Almeida, do Observatório do Jogo Responsável, está de acordo: “Ao contrário do que muitos operadores do mercado físico querem fazer crer, que é mais problemático o jogo online porque há mais gente autoexcluída, o cenário é o oposto: há mais gente autoexcluída online porque o sistema funciona melhor.”

A autoexclusão online permite que os próprios jogadores bloqueiem o seu acesso às casas de apostas, tem a duração mínima de três meses, mas pode ser revogada passado um mês. Se for pedida na página de uma das entidades licenciadas, o bloqueio só é válido para esse site, estando o jogador livre para ir jogar em qualquer outra empresa. Apenas se for pedida diretamente na página do SRIJ a proibição é válida para todas as entidades licenciadas.

“Três meses de autoexclusão é muito pouco tempo”, alerta Daniel, “além disso, as licenças não valem de nada. Basta camuflar a origem da ligação de internet e joga-se em sites estrangeiros”.

O psicólogo Pedro Hubert defende um período mínimo de autoexclusão de seis meses, o dobro do atual, e acredita que este tipo de alerta devia ser mais consequente. “Não há ninguém que peça a autoexclusão que não precise de tratamento. A autoexclusão é como tomar um antidepressivo e não fazer terapia.”

Apesar de falíveis, no mercado licenciado há regras. Já no universo do jogo ilegal, os jogadores estão completamente desprotegidos. Podem, por exemplo, não conseguir levantar os ganhos ou receber prémios inferiores ao anunciado e não têm a quem recorrer para se queixarem. Também ficam sujeitos à viciação de resultados e a estratégias mais insidiosas de incentivo ao jogo, como menos tempo entre jogadas ou ausência de mecanismos de limitação de apostas ou de autoexclusão. O risco é menor se optarem por uma casa ilegal em Portugal, mas licenciada lá fora. De qualquer forma, estarão sempre a cometer uma ilegalidade (punível com coima até 2500 euros).

As apostas ilegais online representaram 51% do mercado do jogo digital português no ano passado e, até 2021, não se prevê que baixem além dos 23% (dados da consultora H2 Gambling Capital). O investigador Rui Magalhães alerta que, “com base em relatórios internacionais, nos últimos anos, o Estado terá deixado de cobrar cerca de 110 milhões de euros em impostos por força do jogo online ilegal.” Paulo Rebelo, que além de presidente da ANAon é apostador profissional, encontra dois motivos para a atração do mercado ilegal: oferece prémios mais elevados e inclui produtos que não estão regulados (como as apostas cruzadas entre jogadores). Desde a entrada em vigor do novo regime jurídico, em 2015, o SRIJ encerrou 197 operadores ilegais.

SOLIDÃO TRÁGICA

Depois de a sua vida dupla ser revelada à família, Ricardo recebeu um prémio de produtividade de 1500 euros. Um teste à sua compulsividade que não superou.

“Gastou tudo no jogo”, lamenta a mãe.

Dias antes de completar 28 anos, pediu-lhe 200 euros emprestados. “Não percebi porquê, mas tinha de mandar-lhos até às 8h30 da manhã.” Assim fez.

“A mãe salvou-me a vida”, escreveu-lhe.

Quando quis devolver o dinheiro, Filipa não aceitou. “Fica para ires ao psicólogo.”

Voltou a calhar-lhe o turno da noite no emprego. Uma oportunidade para jogar sem recriminação alheia. Só a sua. Ricardo recuou três vezes antes de sair de casa. “Não me apetece nada ir”, dizia. Verónica tentava dar-lhe alento lembrando-lhe que no dia seguinte estaria de folga. Ele foi. No dia seguinte, estava Verónica nas aulas, Ricardo escreveu-lhe uma mensagem: “Vai correr tudo bem. Tu és forte. Amo-te imenso, meu amor.” Quando voltou para casa ele não estava lá. Seguiram-se dias de sofrimento à procura de Ricardo.

Quando Verónica e Ana se dirigiram à esquadra da polícia foram recebidas com desconfiança e indiferença. “Mas qual é o vosso problema? Uma pessoa não atende o telemóvel e já aconteceu alguma coisa?” Decidiram distribuir panfletos com a fotografia de Ricardo.

Foram quatro dias de espera até a Polícia Judiciária ter notícias. As piores possíveis. A mochila de Ricardo tinha sido encontrada junto a uma falésia.

Naquela noite de abril do ano passado, as câmaras de vigilância da empresa filmaram-no a jogar a noite inteira.

Também ficou registado que tinha usado 1500 euros da caixa para jogar.

Perdeu-os. Da primeira vez que tinha usado dinheiro do emprego para jogar conseguiu repô-lo sem que ninguém desconfiasse graças aos 200 euros da mãe. “Ele morreu de vergonha do que tinha feito”, diz a mãe. “Nasceu envolto em dor e morreu envolto em dor.”

“O jogo patológico não envolve a perda do gosto de viver” explica o psiquiatra João Reis, “tem de haver outra perturbação psiquiátrica associada.” A depressão é, muitas vezes, uma delas. O responsável pela consulta de prevenção do suicídio nos Hospitais da Universidade de Coimbra, Carlos Braz Saraiva reconhece como fatores de risco para o vício no jogo outras patologias da área das dependências e da saúde mental.

Basta lembrar que 70% dos jogadores têm mais vícios (tabaco, álcool ou outras substâncias psicoativas). Pedro Hubert recorda, também, que os choques emocionais podem desencadear a adição em quem já tenha essa predisposição.

A taxa de suicídio dos jogadores está muito acima da média da população (6 a 30 vezes). António admite ter pensado matar-se, mas nunca tentou suicidar-se. Procurou ajuda. Hoje oferece essa mesma ajuda a quem procura os Jogadores Anónimos (91 944 9917) que até reuniões por Skype organiza. “A melhor forma de recuperação é a partilha”, concorda Daniel. Uma partilha capaz de resgatar vidas em jogo.

Os nomes dos jogadores e familiares foram alterados a seu pedido para preservar a sua identidade

RETRATO DE UM JOGADOR

Homem, 30 anos, citadino, com alta probabilidade de estar desempregado. É esse o perfil do jogador patológico online, traçado pelo psicólogo Pedro Hubert

É O NÚMERO ESTIMADO DE PROVÁVEIS JOGADORES PATOLÓGICOS EM PORTUGAL (DOS 15 AOS 74 ANOS), o que representa 0,3% da população residente.

Calcula-se que outros tantos, ainda que não sejam jogadores compulsivos, tenham também problemas com jogo a dinheiro

JOGADORES PEDIRAM A AUTOEXCLUSÃO DA PRÁTICA DE JOGOS E APOSTAS ONLINE, entre maio do ano passado e janeiro deste ano, o equivalente a 2,6% do total de jogadores inscritos (410 000) nas plataformas licenciadas em Portugal

79,3% são homens

30 ANOS é a média de idade (dez anos mais novos do que os viciados offline)

34,7% estão desempregados

71,6% têm uma relação (26,6% têm filhos)

73,7% vivem em zonas urbanas

38,7% são licenciados; 42,9% concluíram o 12.º ano

11% DOS ESTUDANTES PORTUGUESES ATÉ AOS 16 ANOS admitiram ter jogado a dinheiro na internet nos últimos 12 meses (2% disseram ter este hábito quatro ou mais dias da semana)

Reportagem publicada na VISÃO 1250 de 16 de fevereiro

Internet blackouts in Myanmar allow the military to retain control

Cassandra Preece , Helen Beny , McMaster University

Myanmar citizens have been living under military control for weeks after the country’s military staged a coup. Citing issues of electoral fraud in the November 2020 general elections, the military detained elected officials, including civilian leader Aung San Suu Kyi, and implemented a national internet shutdown.

Internet shutdowns in Myanmar represent a serious threat to democracy, but these actions aren’t entirely surprising — many Myanmar citizens have experienced all this before.

During the country’s history of military rule from the 1960s to 2011, the military employed many of the same tactics to gain control. The ongoing national internet shutdowns and social media bans highlight a continued cycle of anti-democratic repression and censorship employed by Myanmar’s military — although there are ways internet service providers can help the country’s censored citizens.

The path to democracy in Myanmar has been slow and laborious. The election of the National League for Democracy (NLD) in 2015 and 2020 represented significant progress and suggested democracy was finally taking hold in the country.

Unfortunately, the coup has halted the country’s progress once again.

The military has been Myanmar’s most powerful institution since its independence from Britain in 1948. The military-led coup in 1962 was followed by nearly five decades of military rule. Following general elections in 1990, the military refused to hand over power and placed the winning candidate, Aung San Suu Kyi, under house arrest for more than 15 years.

Military still has might

In 2008, democracy proponents were hopeful that a new constitution would finally bring democratic norms and institutions to Myanmar. But the constitution was drafted by the military regime and maintained its privileged position. For example, it gives the military “the right to take over and exercise state sovereign power” if there are any threats to national unity.

Following fraught discussions with the civilian government this month about the election, the military specifically cited provisions in the constitution to justify the coup and declare a state of emergency.

Internet shutdowns are a common tool of repression used by governments to halt the flow of web-based communication and information. Since 2019, more than 36 countries have used internet shutdowns for a variety of reasons. Recent shutdowns have occurred in India, Egypt, Ethiopia, Belarus and other countries.

Myanmar has become a frequent user of internet shutdowns. In 2007, the military junta escalated their information warfare tactics and ordered a national internet shutdown to maintain complete control.

In June 2019, the Myanmar civilian government initiated the world’s longest internet shutdown at the behest of the military, citing issues of instability and the use of internet services to co-ordinate illegal activities in Rakhine and Chin states. Lasting almost a year, the regional shutdown raised serious concerns that many citizens had been left in the dark about the global COVID-19 pandemic.

On Jan. 31, 2021, the Ministry of Transportation and Communication — controlled by the military — ordered a nationwide internet shutdown to prevent citizens from reporting on the military coup. The move was similar to actions taken by the military in neighbouring Thailand during its 2014 coup, which focused on information control and blocked more than 56 URLs.

Following orders to both state-run and foreign internet providers, the initial shutdown in Myanmar began around 3 a.m. Connectivity levels declined 50 per cent by 8 a.m. As access to the internet was severely restricted, the military successfully executed their coup, detaining key political leaders and NLD supporters.

Using the internet ‘kill switch’

Instead of a consistent network shutdown, internet shutdowns and social media bans have come in waves over the past two weeks in Myanmar. A partial internet shutdown was initially observed, shielding coup efforts. Once the military seized power, connection was restored.

Citizens turned to Facebook, the main source of news and communication for 50 per cent of the population, to protest the coup and demand a return to democracy. On Feb. 3, the military ordered a social media ban, primarily focused on Facebook. Telenor Myanmar (part of Norway’s Telenor Group) restricted Facebook, while Myanmar Posts and Telecommunications restricted Facebook, Instagram, Messenger and WhatsApp.

Since Feb. 1, millions of people in Myanmar have participated in civil disobedience campaigns and protests on the streets and online. Although social media bans have remained in place, protesters have found ways to co-ordinate through encrypted messaging services and virtual private networks, known as VPNs.

As mass protests continue, the military is responding with further internet shutdowns and social media restrictions. A second nationwide shutdown was ordered on Feb. 6, but connectivity was mostly restored by Feb. 7. On Feb. 14 and 15, citizens experienced two consecutive nights of internet shutdowns, allowing the military to carry out further crackdowns.

The military has changed its censorship technique to curfew-styled internet blackouts that seriously affect the ability of citizens to communicate and verify information.

Will shutdowns continue?

The various tactics used in Myanmar to quell growing protests against the coup are different from previous shutdowns in 2007 and 2019, but they have a similar effect.

On Feb. 15, in Mandalay, soldiers broke up a group of 1,000 protesters at the Myanmar Economic Bank using slingshots, sticks and a number of warning shots.

The military has also recently put forward a new cyber-security bill that could give it sweeping control over online data and allow the collection and monitoring of citizens online. This bill would severely affect privacy and freedom of speech.

If the military regime is unable to prevent citizens from mobilizing, Myanmar will almost certainly experience continued cycles of internet shutdowns. Citizens may also be met with extreme force and government-sanctioned violence, similar to the current situation in Ethiopia.

What can be done?

The situation in Myanmar should be a point of international concern. Internet shutdowns prevent citizens’ ability to document violence and hold perpetrators accountable, leaving them at risk of extreme violence.

But the international community, including foreign ISPs, governments and advocacy networks, can help end shutdowns in Myanmar.

Given the vast changes to the telecommunications landscape in Myanmar, the growing number of ISP providers could undermine social media bans and internet shutdowns. Telenor Myanmar, for example, seems to have recently intentionally delayed a Twitter ban amid public outcry. Delaying the execution of an order is one way for ISPs and telecommunication operators to resist shutdown orders, as they’ve done in Egypt.

Telenor Group has attempted to provide details of the military’s directives, but it was recently ordered to stop. Nonetheless, the company’s actions have helped raise awareness about the situation in Myanmar, and ISPs should develop clear policies around forced shutdowns in the future in countries experiencing political upheaval.

Governments should also regularly denounce the use of internet shutdowns and pressure ISPs to take a stronger stance against them — in Myanmar and beyond.



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