Jogos de futebol
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Como surgiu?

Inicialmente, a ideia transformar em informação compreensível conjuntos enormes de dados como a lista completa de gols de craques como: Pelé, Messi, Cristiano Ronaldo, Romário e Ronaldo. Dessa forma, fazer com que estas intermináveis listas de gols pudessem ser detalhadas de forma com que se pudesse ter um panorama detalhado de tanta informação: em que ano, quantos, contra quem?
Posteriormente, com o crescimento em popularidade, outras ideias e modelos de conteúdos foram sendo agregados à plataforma, como o Raio-X do Brasileirão. Nele, por exemplo, diversos rankings e estatísticas da primeira divisão do futebol brasileiro são apresentados de forma mais completa e detalhada do que simplesmente a tabela de classificação. Dessa forma, é possível analisar a competição de maneira mais minuciosa, analisando-se os números do campeonato em diversos contextos, como:
- ranking de ataques e defesas
- desempenho por mando de campo
- desempenho em diversos trechos (últimas 6 rodadas, desempenho por turno)
- Jogos em que não sofreu gol
- Jogos em que não marcou gol
Com o passar do tempo, no entanto, futdados passou a buscar ser referência no Brasil em termos de números de jogadores. Assim, portanto, tem também a missão de servir como guia para aqueles que procuram informações detalhadas sobre determinado atleta, como total de gols, jogos e assistências na carreira.
Finalmente, todo este conjunto de dados e informações também pode ter utilidade para aqueles que são apaixonados ou buscam conhecer o mercado de apostas esportivas.
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Com as novas tecnologias, cada vez é mais comum assistir futebol ao vivo. Sendo assim, com o início do 2020, nós de Competize separamos os melhores sites para ver futebol online, tanto os disponíveis apenas por assinatura, como os gratuitos. Dessa forma estará preparado para saber onde acompanhar suas equipes e campeonatos preferidos.
Sites para assistir futebol ao vivo online

Premiere (globo)
Primeiro, o principal site por assinatura do Brasil oPremiere Play. Sendo o serviço que transmite as partidas ao vivo do Campeonato Brasileiro, da Série B do Brasil e da Copa do Brasil por uma assinatura mensal de R$ 79,90. Apesar de ser parte de um canal de TV, contudo, não é necessário ser assinante de uma operadora para acessar os conteúdos.
Esporte Interativo
Um dos primeiros a transmitir futebol online no Brasil, apresentamos o Esporte Interativo. Atualmente, o site transmite as partidas do principal torneio europeu, a Liga dos Campeões, além de alguns estaduais e certos clubes do Campeonato Brasileiro. O serviço pode ser contratado por R$ 19,90 por mês (ou R$ 39,90 no pacote com a ESPN)
WatchEspn
O WatchEspn é o serviço de streaming da ESPN no Brasil. Assista online as partidas do futebol Inglês e Espanhol. O valor de assinatura pode variar de R$ 14,90 a R$ 21,90 por mês (ou R$ 39,90 no pacote com o Esporte Interativo). Além disso, o site permite contratar apenas o serviço pela internet.
Fox
O site da FOX permite mais que o acesso a futebol online. Como diferencial, o site permite o acesso a todos os canais gerenciados pela empresa. Para assistir as partidas de futebol de campeonatos como a Libertadores, Copa Sul-Americana, Espanhol e Alemão. É possível contratar o serviço, em média por R$ 34.90, dentro dos pacotes de algumas operadoras.
Dazn
O DAZN é a mais recente plataforma de transmissão de futebol online no Brasil. O primeiro ano de atuação foi 2019, com a cobertura de competições como a Sul-Americana, Série C do Brasil, Campeonato Italiano, Campeonato Francês.Aproveitando as vantagens das novas tecnologias, o serviço promete qualidade com um preço justo, fornecendo acesso grátis por 30 dias. Após esses 30 dias gratuitos, é cobrado uma mensalidade de R$37,90.
Sites gratuitos para assistir futebol ao vivo online
Muitas dos sites para assistir futebol ao vivo online grátis não são oficiais. Portanto, seu uso não é recomendado e deve-se sempre utilizar os sites por assinatura que são mais seguros e possuem mais qualidade na transmissão dos jogos.
Multi Canais
O Multi-canaisse caracteriza por ser um site para assistir TV online. Portanto, é possível assistir futebol ao vivo online através dessa plataforma, basta escolher o canal que esteja transmitindo a partida.
FuteMax
Por mais que leve futebol no nome, o site FuteMax oferece muitos outros esportes além do futebol. Assista ao vivo os jogos de campeonatos do mundo todo, sendo possível acompanhar a mais de um jogo por vez.
FirstRow Sports
O FirstRow Sports se caracteriza pela transmissão ao vivo de futebol. Sendo um site em inglês, a página oferece diversos jogos e competições internacionais. Para quem gosta de acompanhar as principais competições europeias de futebol e diversos outros esportes, o site disponibiliza uma ampla gama de opções.
Live TV
O Live TV, diferentemente dos anteriores, está disponível em português, sendo um diferencial a seu favor. Portanto, o site é uma boa opção para aqueles que querem assistir futebol ao vivo online de forma gratuita e não possui o domínio de outros idiomas.
Live Soccer TV
Hoje em dia o Live Soccer TV é um dos melhores sites para assistir futebol ao vivo online e sem pagar nada. O site também está em português, sendo assim uma ótima opção para aqueles que acompanham o Campeonato Brasileiro.
Ultrasports
O Ultrasports é bastantediferenciado e muito queridos para seus usuários, pois o mesmo transmite o jogo ao vivo, de forma totalmente gratuita e em HD! Através dele você tem acesso a grande maioria das ligas. Fica sabendo também a respeito de todas as atualizações importantes que acontecerem em cada liga.
Novas opções para assistir futebol ao vivo online
Facebook para assistir futebol ao vivo
Sim, atualmente é possível ver futebol ao vivo online através do Facebook. Através de sua plataforma de transmissão de vídeos Facebook Watch, o site transmitiu algumas partidas ao vivo e exclusivas da Copa Libertadores no último ano. Começando ainda com poucas ofertas de jogos, a plataforma está buscando seu espaço nesse mercado e oferece não somente a transmissão dos jogos mas também de forma gratuita
YouTube para assistir futebol ao vivo
Apesar de ser uma plataforma conhecida por transmissões não oficiais, o Youtube está mudando. Já é possível se inscrever canais e assistir futebol ao vivo online, de forma totalmente gratuita.
Dicas para assistir futebol ao vivo online
É muito importante ter uma boa conexão de internet para assistir futebol ao vivo online. Recomendamos que utilize uma rede wi-fi para ver os jogos ao vivo, para que tenha mais qualidade na transmissão da partida. Os sites por assinatura sempre são a melhor opção, pois asseguram qualidade e segurança, mas, para os que preferem os gratuitos, também existem boas alternativas.
Os 5 melhores jogos de futebol para iPhone e iPad
Confira os 5 melhores jogos de futebol para o sistema iOS e descubra novos desafios!
Se você é fã desse esporte (e qual brasileiro não é?) e está procurando alguns jogos de futebol para jogar no seu iPhone e iPad, encontre nessa lista 5 games de ótima qualidade, aonde você pode criar sua própria equipe, treinar e jogar. A App Store está repleta de jogos de futebol e o objetivo deste artigo é ajudá-lo a descobrir os melhores jogos, sem perder tempo e esforço com games que não sejam bons.
Desde jogos de simulação de futebol com ótimos gráficos, mecanismos sofisticados até jogos de gerenciamento de futebol, você pode encontrá-los todos aqui.
5 Melhores Jogos de Futebol para iPhone e iPad
1. PES 2018 - Pro Evolution Soccer
Sem dúvida, o PES 2018 é um dos melhores jogos de futebol disponíveis para dispositivos móveis. Passar a bola é fácil, o drible é responsivo e o chute, certeiro. É provável que o PES 2018 seja o jogo de futebol mais satisfatório já feito para iOS.
O PES 2018 Mobile inicia-o com um tutorial, ensinando-lhe os controles básicos para driblar, passar a bola, chutar e marcar.
Para se adequar ao estilo de jogo móvel, a Konami forneceu um novo esquema de controle, que permite aos usuários usar vários tipos de câmera de jogo. Você também pode alternar para os botões clássicos na tela, se preferir.
Você pode jogar contra seus amigos online. É sempre o mais divertido marcar gols e derrotar seu amigo do que uma máquina, não é?
2. Futebol FIFA
Como o nome sugere, a EA redesenhou completamente e construiu este jogo para dispositivos móveis com um tamanho de download inferior a 100 MB. Autenticidade, sem dúvida, é um dos fatores que torna o jogo excepcional. Com mais de 30 ligas, 650 equipes reais e 17000 jogadores reais, você poderá desfrutar da experiência de futebol autêntica.
Uma das coisas que se destaca no FIFA Mobile é que você pode jogar partidas contra outros usuários de todo o mundo, revezando-os. As trinta ligas diferentes e a possibilidade de jogar em modo de cooperação são apenas alguns pontos mais fortes desta versão. Graças a esses novos recursos, você pode aproveitar o FIFA como nunca antes.
3. Dream League Soccer 2019
A primeira coisa que você precisa fazer é criar sua própria equipe, editando o logotipo, os kits e os números das camisetas. Você também pode fazer upload de seu logotipo e kits de equipe personalizados, apenas copiando e colando o URL no logotipo ou na imagem do kit.
O DLSCenter é um bom lugar para obter novos kits e logotipos da Dream League Soccer. Neste jogo, moedas são usadas em transações. Para ganhar mais moedas, você tem que ganhar partidas, vender jogadores ou melhorar o estádio. Também é possível assistir anúncios para ganhar mais moedas de bônus.
Você pode então usar suas moedas para contratar melhores jogadores, desenvolver habilidades dos jogadores e construir mais capacidade para o estádio. Após o término da temporada, se você estiver entre os 3 melhores times, será promovido para uma divisão maior, mas a capacidade de seu estádio deve corresponder à condição de capacidade padrão dessa divisão.
É possível jogar com um amigo online. E é muito mais divertido do que jogar apenas com a máquina.
4. Soccer Star 2018 World Legend
O Soccer Star Legend World é um jogo de gerenciamento de futebol que permite gerenciar sua própria carreira profissional. Você pode começar como atacante, meio-campo ou zagueiro, depois contratar um agente que o ajudará a administrar suas finanças, treinador, e você pode se concentrar em cada desafio para ser um verdadeiro jogador de futebol profissional.
Destaque-se no campo, marque muitos gols e alcance a fama! Seus fãs vão seguir você, onde quer que você vá. Ganhe dinheiro, compre todos os tipos de produtos de luxo e torne-se a principal estrela do futebol profissional. Você poderá jogar com sua seleção favorita de futebol: Espanha, Inglaterra, Chile, Brasil, Alemanha, França.
Este jogo apresenta vários modos de jogo. Jogue as principais ligas e categorias, ganhe mais dinheiro apostando no casino, pista de corridas ou nas slot machines. Você encontrará diferentes modos de treinamento para melhorar suas habilidades. No Soccer Star 2018 você pode jogar com seus amigos, gravar os melhores jogos e compartilhá-los.
5. Head Soccer
O Head Soccer é um simulador de futebol de duas dimensões e leve, com uma visão lateral, onde os jogadores são convidados a descobrir em quais habilidades são melhores. Aprender a jogar este jogo é muito fácil, pois você só usa os botões de setas para mover o seu jogador e dois outros botões na parte inferior direita para chutar e passar. Mas pode levar algum tempo até que você se torne realmente bom nesse jogo.
Existem seis modos diferentes: Arcade, Survival, Tournament, Head Cup, Death e League. Cada um deles tem objetivos diferentes para vencer. Há também um modo multiplayer online, onde você pode desafiar e combinar com seus amigos via Game Center ou Bluetooth.
E então, gostou dessa lista de jogos de futebol para iPhone e iPad? Conhece outros bons jogos para o sistema operacional mobile da Apple? Conte para a gente nos comentários.
O campeonato de futebol pode ser retomado a partir de meados de maio, mas com jogos à porta fechada, apurou a Renascença. O Governo vai sugerir à Liga de Clubes o dia 18 de maio como a data em que os campeonatos podem ser retomados, sendo que fica a cargo do organismo decidir a data concreta do regresso.
De acordo com as informações apuradas, a data do regresso da competição estará, no entanto, dependente da evolução da pandemia da Covid-19 na primeira quinzena do mês, após a saída do país do estado de emergência.
Depois da reunião de terça-feira, em São Bento, entre o primeiro-ministro e os presidentes do FC Porto, Sporting, Benfica, Liga de Clubes e Federação Portuguesa de Futebol, António Costa vai anunciar amanhã, quinta-feira, o regresso das competições.
Há clubes que já retomaram os treinos, sendo que outros vão retomar a atividade na próxima semana, após o fim do estado de emergência.
À saída do encontro de terça-feira, António Costa garantiu que a decisão será analisada "entre técnicos da FPF, com a Liga e as autoridades de saúde".
A possibilidade de usar menos estádios, e fazê-lo numa localização geográfica mais confinada, "enquadra-se na avaliação do risco", explicou Fernando Gomes em São Bento, e na tentativa de aferir "a prudência da retoma".
Falando depois do encontro, o secretário de Estado do Desporto reconheceu o impacto económico do futebol em Portugal, mas admitiu que a prioridade é a saúde pública.
"Está para haver alguma atividade física, alguma prática desportiva. Em relação à competição profissional e a terminar esta época, há uma análise em curso que envolve as autoridades de saúde e especialistas que a Federação Portuguesa de Futebol [FPF] e a Liga de clubes [LPFP] envolveram neste processo", disse João Paulo Rebelo.
A realização de jogos à porta fechada vai de encontro à opinião do bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, que, em declarações a Bola Branca, explicou que é possível realizar os jogos que faltam até á conclusão do campeonato, desde que sejam à porta fechada.
“Naquilo que é a experiência que temos neste tipo de situação epidémicas ou pandémicas neste caso, temos que ter muito cuidado. Fazer jogos à porta fechada é possível, tomando medidas para salvaguardar a saúde dos jogadores, dirigentes, treinadores e as outras poucas pessoas. Mas em relação aos jogos terem assistência acho que é complicado”, referiu.
Portugal é um dos países europeus onde a temporada de futebol na I Liga poderá terminar, depois de países como França e Holanda já terem decidido que a bola só volta a rolar na próxima temporada devido à Covid-19.
A informação da retoma dos campeonatos profissionais em Portugal surge no mesmo dia em que foi anunciado o fim dos campeonatos de andebol, voleibol, basquetebol e hóquei em patins, sem campeões.
De acordo com o boletim diário da DGS, Portugal regista 24.505 casos positivos de Covid-19, 973 óbitos e 1470 casos recuperados.
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Seis torcedores fanáticos opinam sobre eventual volta de jogos de futebol
Seis torcedores compartilharam suas paixões, histórias, cotidianos e expectativas em função do futebol e de seus respectivos times do coração
Arthur Ribeiro, Thiago Quint e Vitória Von Bentzeen
Jornal de Brasília/Agência UniCeub
“O futebol é a coisa mais importante entre as menos importantes. Então cabe a reflexão desse momento, por mais que a gente ame futebol e viva por ele”. Essas são as palavras de Nathan dos Santos Masson, torcedor fanático do Botafogo (SP), da cidade de Ribeirão Preto. Elas ilustram um sentimento de torcedores diante da falta de partidas no Brasil, que foi suspenso em março, e ainda não tem previsão de volta, por conta da pandemia do coronavírus.
“O negócio que tá acontecendo é tão sério que a última coisa que eu tô pensando é no futebol”, disse Pedro Henrique Fonseca, torcedor fanático do Botafogo (RJ), que colocou o time não só como prioridade de entretenimento, mas como uma forma de trabalho nos últimos três anos através de seu canal no YouTube e página no Instagram, o “Setor Visitante”. Esse momento abordado por eles também é vivido por muitos outros torcedores fanáticos Brasil afora, que passaram a tentar se acostumar com a falta de jogos.
Nathan com a esposa presente na final da Copa São Paulo entre Botafogo e Corinthians (Foto: Arquivo Pessoal)
Direto de General Severiano
Pedro Henrique Fonseca, 36, é um torcedor fanático do Glorioso, paixão que veio de berço, mais especificamente do pai, apaixonado por futebol. Indo juntos ao estádio, os jogos eram o principal momento de interação entre pai e filho. Segundo ele, nasceu e cresceu em uma época onde frequentava jogos de todos os times, sempre presente nos grandes jogos e clássicos que aconteciam na cidade. A partir daí, se envolveu mais com o futebol e, principalmente com o Botafogo, o que o levou futuramente a acompanhar o clube em todos os jogos fora de casa, e, mesmo que pareça um excesso, ele rechaça. “Às vezes, aos olhos dos outros pode ser, ‘caramba, esse cara aí vai há 3 anos em todos os jogos fora de casa, esse cara é louco’, mas pra mim é normal”.
Entretanto, apesar do afeto pelo Fogão, enquanto muitos torcedores buscam diversas maneiras para suprir a ausência do time, Pedro sequer pensa nisso. “O negócio que tá acontecendo é tão sério que a última coisa que eu to pensando é no futebol. Estão morrendo mil pessoas por dia. Então eu acho um absurdo, como estão fazendo aqui no Rio de Janeiro, forçando, com apoio e respaldo de Brasília, para fazer com que volte o futebol aqui”.
Ao ser questionado sobre a postura do Botafogo quanto a possível retomada dos jogos, Pedro entende que não é momento de voltar. “A posição do Botafogo inicial e atual eu concordo, e sem brincadeira, se forçarem pra voltar a jogar em 15 de junho, morrendo mil pessoas por dia, não joga, perde, seja desclassificado, cai pra segunda divisão”. O botafoguense acredita que a retomada dos jogos e com torcida só seria capaz após a descoberta de uma vacina, e voltar com as competições antes disso seria uma “irresponsabilidade e loucura”.
Pedro, sempre presente nos jogos do Botafogo, no Estádio dos Aflitos em partida pela Copa do Brasil contra o Náutico
Amor sem fronteiras
Ariane Menegaro Biondi, 35, mora em Dublin, na Irlanda, e, mesmo de longe, nunca deixou de acompanhar o São Paulo. Influenciada na torcida pelo pai desde pequena, ela conta que já até enrolou o chefe para ver um jogo do time pela Libertadores. Ainda que Ariane viva em um lugar onde a realidade é muito distante da do Brasil, ela acredita que o momento ideal de volta não seja agora por conta da experiência vivida por ela durante o lockdown na Irlanda.
De acordo com a torcedora, que acompanha as notícias do Brasil, ela discorda de qualquer possibilidade de volta. “Enquanto o governo não falar que pode sair de casa com segurança, não dá pra sair. Eu acho que o Brasil ainda vai demorar muito pra voltar o futebol, e, quando voltar, acredito que vai ser sem torcida. Talvez apenas no ano que vem a gente consiga voltar a ver o futebol com torcida”, explicou Ariane.
Mesmo com a diferença de fuso, Ariane se mantém na torcida pelo São Paulo
Galo na veia
Apaixonado pelo Atlético Mineiro, Sávio Carvalho Deotti, 22, se diz torcedor do clube ainda na barriga da mãe. “O Galo é literalmente uma paixão que vem de berço. Desde o ultrassom confirmando que era um menino, meu pai e meu avô já diziam ‘vem aí um atleticano”, explicou. De acordo com ele, o que mais o motiva em ir aos jogos é o apoio ao time, que pode mudar o rumo de uma partida. “Eu realmente acredito que a torcida faz a diferença e ganha o jogo”.
Sobre a volta do futebol, Sávio se mostrou cauteloso. “Compreendo a iniciativa de retomar às atividades, mas vejo como um equívoco, principalmente em alguns estados do país, onde a curva de casos/mortes se mantém ascendente”. O Atlético retornou recentemente aos treinos, e o alvinegro comentou o assunto. “A retomada com responsabilidade é viável ao meu ver, tanto que já foi feita. Apesar disso, acho que deve haver extrema cautela, principalmente dos jogadores, que podem comprometer todo elenco por irresponsabilidade.
“Eu acredito” marcado na história
Com sua paixão despertada pelos seus irmãos mais velhos, João Victor Barros, 18, é fanático pelo Atlético Mineiro. “Minha maior motivação é estar na arquibancada apoiando o time o jogo inteiro, e sempre revendo meus amigos na torcida”, disse o atleticano sobre sua paixão que o motiva a ir nos jogos no Independência e no Mineirão.
João Victor, no Mineirão: o rapaz se considera fanático pelo Galo
Para o atleticano, o hábito de ir aos jogos toda semana começou três anos atrás. “Quando ganhamos a Libertadores, em 2013 eu senti uma felicidade enorme, mas era muito novo. Comecei a frequentar estádio em praticamente todos os jogos em meados de 2017. A ansiedade para ir e curtir a vibe de um jogo logo, e a felicidade que eu sinto, me fazem querer estar lá (no estádio) toda semana”
Mesmo convivendo com a falta do time do coração, João Victor acredita que agora não é a hora de voltar com o futebol. “A paralisação deve se prolongar o máximo possível para diminuir o impacto da doença, não importa quanto tempo demore. O clube (Atlético-MG) recentemente voltou com os treinos. Eu achei precipitado, mas é menos mal do que voltar com os jogos”, completou.
Paixão pelo Mecão
Diferentemente dos demais, Raphael Igor, 24, não herdou a sua paixão pelo América de Natal da família. Quando pequeno, era torcedor do Flamengo, devido majoritariamente à influência do clube carioca na TV nordestina. Até que em 2006 ele foi ao seu primeiro jogo do América, e lá desenvolveu um sentimento pelo clube potiguar, o qual foi concretizado apenas em 2007, quando suas duas paixões se enfrentaram nos gramados, e, por conta de uma provocação do atacante Souza na vitória rubro negra, Raphael decidiu optar por torcer para o time alvirrubro, que segundo ele, a paixão bateu mais forte.
Raphael considera a volta “totalmente sem nexo”. “Acho que essa situação para o América é complicada, por conta do lado financeiro e porque o time depende muito da bilheteria. Todos os patrocínios estão parados e isso dificulta. Mas se for pra voltar, precisa ter um plano de retomada de campeonato, como um todo, porque não adianta o América e o ABC voltarem e os outros times não. A verdade é que estamos em uma encruzilhada”.
Em relação à retomada dos jogos com torcida, Raphael se mostrou receoso inicialmente, mas torce por uma melhora futura. “Como a Arena das Dunas é grande e o público não ocupa todo o espaço, tenho certeza que todo mundo vai tentar evitar (contato) ao máximo possível. Mas o problema é que, quando a cerveja entra, todos querem se abraçar, aí fica complicado. O pessoal que é mais consciente deve ir de máscara no início, mas depois, com o tempo, o ambiente vai voltando ao normal”.
Fanatismo pelo tricolor do interior paulista
Nascido e criado em Ribeirão Preto, Nathan dos Santos Masson, 29, também herdou a paixão pelo Botafogo-SP do pai, mas destaca que, no interior de São Paulo, a cultura de torcer por times da região é muito forte. Segundo ele, o carinho pelo ‘maior do interior’ foi reforçado e concretizado, por incrível que pareça, após o rebaixamento do Botafogo para a Série A3 do Paulistão em 2005. “Realmente é no sofrimento que a gente percebe que gosta. Comecei a ir sozinho aos jogos também, criar uma independência e explorar mais o lado de torcedor”, comentou.
Há mais de 10 anos com o Botafogo em viagens e caravanas, Nathan teve a oportunidade de visitar quase todos os estádios do interior paulista, e apesar de não gerar conteúdo, tem seu perfil em redes sociais e, segundo ele, acaba “postando uma coisa ou outra” referente aos jogos. Além disso, o torcedor é diretor de comunicação da Fiel Força Tricolor, torcida organizada do Botafogo, e, diferentemente do seu perfil pessoal, na página da torcida ele consegue produzir material relacionado às ações do grupo. “Como exemplo (das iniciativas), fizemos ação na Páscoa e distribuímos cestas básicas por Ribeirão durante esse tempo de pandemia, tudo isso postado no Instagram da torcida para prestar contas com as pessoas que contribuíram financeiramente e também para tirar esse rótulo da torcida organizada de vandalismo, violência. Infelizmente, esse tipo de rotulação aqui em São Paulo ainda é muito forte”, comunicou o botafoguense.
Apesar de sentir falta do esporte pelo qual se diz devoto, o torcedor do Pantera da Mogiana não se diz favorável ao retorno dos jogos, mesmo com a crise de gestão vivida no clube e problemas econômicos enfrentados pela maioria dos times do país. Segundo ele, apesar dos protocolos de segurança, são muitos os envolvidos em uma partida, e, se a saúde de alguém pode ser prejudicada, os confrontos não devem ser realizados. “Temos que priorizar as condições das pessoas que estão envolvidas nesse ambiente do futebol e vivem dele. No aspecto de manter o elenco do time formado, seria possível permanecer sem o futebol, mas é difícil pensar só de um lado e esquecer o dos gestores e do lado financeiro do clube. No caso dos times do interior, acho que eles só vão se sujeitar a jogar por conta da situação financeira. Como disse, sou contra a volta do futebol pelo menos por enquanto”, finalizou o tricolor.
Liga de futebol recomeça a 30 de maio com jogos à porta fechada
António Costa recebeu os presidentes da Federação Portuguesa de Futebol, do Sporting, F. C. Porto e Benfica
A Liga estará de regresso a partir de 30 de maio, com jogos à porta fechada, avançou, esta quinta-feira o primeiro-ministro António Costa, no final da reunião do Conselho de Ministros. A final da Taça de Portugal também se irá realizar, enquanto a LigaPro fica suspensa.
A nível desportivo, as medidas anunciadas pelo Governo abrem as portas, já a partir de segunda-feira, dia 4, à prática de desportos individuais ao ar livre, sem a utilização de balneários ou piscinas, vai ser permitida já a partir de segunda-feira.
"Os restantes desportos em recintos fechados, desportos coletivos ou de combate continuam a não ser permitidos e a única exceção tem a ver com ser possível, a partir do fim de semana de 30 e 31 de maio,iniciarmos a conclusão das provas oficiais dos clubes da 1.ª Liga de futebol profissional, permitindo concluir as últimas 10 jornadas do campeonato e também o final da Taça de Portugal", avançou o primeiro-ministro na comunicação ao país.
O chefe do Governo explicou, ainda, que "o reinício das atividades da 1.ª Liga está sujeito, ainda, primeiro à aprovação da Direção Geral de Saúde do protocolo sanitário que nos foi apresentado pela Liga de Futebol Profissional e está ainda condicionado à validação de todos os estádios que cumprem as condições indispensáveis para que essa atividade possa ser retomada".
O reinício do futebol profissional "será sempre feito à porta fechada, sem público presencial dentro do estádios, seja qual for o estádio, seja nas jornadas da 1.ª Liga, seja na final da Taça de Portugal".
Na sequência da pandemia de covid-19, a Liga foi suspensa a 13 de maio, quando faltavam disputar 10 jornadas. O F. C. Porto lidera com 60 pontos, mais um do que o Benfica. Para além do campeonato, dragões e águias apuraram-se para a final da prova rainha, cuja nova data será divulgada posteriormente.
A recalendarização das partidas da Liga será anunciada pela Liga quando todos os pressupostos para o reinício da prova forem cumpridos.
Jogos de futebol
O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) recomendou, nesta sexta-feira (19/02), aos secretários da Casa Civil e da Segurança Pública e Defesa Social do Estado que impeçam a realização de qualquer jogo de futebol, incluindo partidas da Série A do Campeonato Brasileiro, em horários em que estejam em vigor as limitações para atividades econômicas e demais restrições para circulação de pessoas previstas no Decreto Estadual nº 33.936, de 17 de fevereiro de 2021. O MPCE também recomendou ao presidente da Federação Cearense de Futebol (FCF), à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e aos times de futebol Ceará Sporting Clube e Fortaleza Esporte Clube que se abstenham de realizar qualquer jogo de futebol em desacordo com o estabelecido no decreto. As entidades têm até este sábado (20/02) para informar ao MPCE sobre o cumprimento da Recomendação, sob pena da adoção de medidas legais cabíveis.
No documento, elaborado conjuntamente pelas 137ª e 138ª Promotorias de Justiças de Fortaleza, pelo Núcleo do Desporto e Defesa do Torcedor (Nudtor) e pelo Centro de Apoio Operacional da Cidadania (CAOCidadania), o MPCE reforça que “todos são iguais perante a lei” (artigo 5º, caput, da Constituição Federal) e, portanto, devem seguir o que foi estabelecido pelo decreto estadual. Conforme o referido decreto, em seu artigo 5º, inciso I, de segunda a sexta, as atividades de comércio e serviços não essenciais estão proibidas de funcionar das 20h às 6h. Nos fins de semana, tais atividades só poderão funcionar até às 17h, devendo reabrir somente às 6h do dia seguinte (art. 5º, inciso II).
Em seu artigo 5º, parágrafo 1, o decreto estadual define como atividades e serviços que podem funcionar nos horários de restrição:
“I – serviços públicos essenciais; II – farmácias; III – indústria; IV – supermercados/congêneres; V – postos de combustíveis; VI – hospitais e demais unidades de saúde e de serviços odontológicos e veterinários de emergência; VII – laboratórios de análises clínicas; VIII – segurança privada; IX – imprensa, meios de comunicação e telecomunicação em geral; X – funerárias.”
Diante disso, as partidas Fortaleza x Bahia (marcada para este sábado, às 21h) e Ceará x Fluminense (marcada para a próxima quinta-feira, 25, às 21h30) não devem ser realizadas nos horários previstos, visto que os jogos de futebol não se enquadram como atividades ou serviços essenciais e, com isso, devem seguir o que determina o decreto.
Além disso, o artigo 6º do decreto estadual estabeleceu “toque de recolher” no Estado do Ceará, ficando proibida até 28 de fevereiro, em todos os dias, das 22h às 5h do dia seguinte, a circulação de pessoas em ruas e espaços públicos, salvo em função de serviços de entrega e para deslocamentos a atividades previstas no artigo 5º, parágrafo 1º. Das 17h às 5h do dia seguinte, até o dia 28 de fevereiro, também fica proibida a utilização de espaços públicos, tais como praças, “areninhas”, calçadões e praias, com o objetivo de evitar a disseminação da Covid-19 em todo o Estado.
Assim, as partidas de futebol citadas, além de estarem previstas para serem realizadas após às 20h, ainda estarão ocorrendo após às 22h, horário previsto para que todos que trabalhem em serviços não essenciais já estejam em casa. “A liberação para realização dos mencionados eventos pode configurar, em tese, afronta aos referidos princípios constitucionais e todas as instituições públicas e privadas devem se submeter de igual modo a aplicação da lei das medidas sanitárias estaduais, conforme vem decidindo o Supremo Tribunal Federal”, reforça o MPCE na Recomendação.
MP altera direitos de transmissão em jogos de futebol
O presidente Jair Bolsonaro editou nesta quinta-feira (18) nova Medida Provisória, a MP 984, que muda regras sobre direito de transmissão de eventos esportivos, além de flexibilizar contratos de jogadores de futebol com os clubes. A medida foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União.
Sobre os direitos de transmissão, também chamado de “direito de arena”, a MP define que o clube mandante do jogo passa a ter direito exclusivo de vender a exibição das imagens da partida para uma emissora de televisão ou outra plataforma de mídia. Até então, a lei previa que os direitos pertenciam aos dois clubes envolvidos no espetáculo esportivo.
“Esse direito de arena é muito importante, porque há um conflito entre alguns clubes, no tocante a isso, e esse conflito deixa de existir. É o mandante que vai dizer qual TV vai transmitir aquele jogo”, afirmou o presidente Jair Bolsonaro, durante sua live semanal transmitida nas redes sociais, ao comentar sobre a medida. A MP ressalva que, quando não houver um mandante de um determinado jogo, caberá aos clubes envolvidos os direitos de transmissão.
O texto da MP também prevê a distribuição de 5% da receita proveniente dos direitos de transmissão, de forma igualitária, entre todos os atletas envolvidos no espetáculo esportivo.
Contratos de trabalho
Outra mudança tem a ver com os contratos entre jogadores de futebol e suas equipes, regulados pela Lei nº 9.615, a Lei Pelé. A MP permite que o contrato seja no mínimo 30 dias. Até então, o prazo mínimo de contrato era de 90 dias. A mudança beneficia clubes, especialmente os menores, na contratação de jogadores durante a pandemia, uma forma de permiti-los terminarem a participação em campeonatos estaduais sem serem obrigados a ampliar mais os gastos com salários de jogadores.
“Essa nova regra de contrato vale até 31 de dezembro. Depois de 31 de dezembro, volta a valer o contrato mínimo de 90 dias”, disse o presidente, durante live.
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Nasceu em Torres Vedras. Tem irmãos? O que faziam os seus pais quando nasceu?
O meu pai ainda hoje tem uma empresa de pinturas de casas e a minha mãe é empregada de escritório. Tenho duas irmãs mais novas, uma tem 27 e a outra 25 anos. Vivi numa freguesia de Torres Vedras, chamada Ponte Rol, até aos 17 anos, altura em que mudei para o centro de estágio do Benfica.
Era um puto reguila ou calminho?
Nunca dei grandes dores de cabeça, era um miúdo tranquilo e calmo.
O que dizia que queria ser quando crescesse?
Fui variando, mas o futebol sempre foi uma coisa presente. Jogava na rua com os meus vizinhos, com os amigos, na escola. Houve uma altura em que pensei ser veterinário porque gostava muito de animais. Mais tarde comecei a gostar da fisioterapia e até foi o curso em que entrei na universidade.
Sempre foi bom aluno?
Sim e gostava da escola. Claro que o tempo dos intervalos era para jogar futebol.
Como vai parar pela primeira vez a um clube, ao Torreense?
O meu pai sabia que eu gostava de jogar futebol e levou-me aos treinos de captação no Torreense. Tinha oito anos. Lembro-me que nessas idades os miúdos querem todos marcar golos, iam todos para o ataque e eu ficava mais à defesa, então o treinador perguntou-me se eu gostava de jogar à defesa, e eu disse: "Sim, sim, pode ser". Só queria ficar [risos]. E pronto, a partir daí fiquei a jogar à defesa.
Torcia porque clube?
Sempre gostei do Benfica.
Na família são todos do Benfica?
Da parte do meu pai sim, da minha mãe eram mais pelo Sporting, mas eu sempre gostei do Benfica.
Quem eram os seus ídolos?
Acho que nunca tive um ídolo no futebol na infância. Mais tarde, se calhar o Figo e o Rui Costa foram os dois jogadores da geração portuguesa que me marcaram mais e eram referências quando comecei a ser um pouco mais velho e a levar o futebol mais a sério.
Esteve três anos no Torreense e vai para o Benfica. Como é que isso aconteceu?
O Torreense ia sempre a um torneio de escolas na altura do carnaval, no antigo estádio da Luz. Na altura calhou jogarmos contra o Benfica e eu marquei dois golos. Acho que a partir daí eles ficaram de olho em mim e depois foram chamando-me para várias captações. Lembro-me que na primeira estavam à volta de uns 100 miúdos. Fui ficando, fiz quatro, cinco treinos, até que disseram que queriam ficar comigo. Poucas semanas depois fui a um torneio com a equipa de escolas do Benfica, no Luxemburgo. Tinha 10 anos. Foi a primeira vez que andei de avião e tudo. Com 11 comecei nos infantis, mas com 10 fiz o meu primeiro torneio pelo Benfica.
Quando vai para o Benfica ia e vinha todos os dias de Torres Vedras?
Sim, o meu pai levava-me aos treinos. No primeiro ano treinámos no antigo estádio da Luz. Depois começou a construção do novo estádio para o Euro e andámos a treinar em vários campos à volta de Lisboa.
Continuou bom aluno?
Sim. Às vezes confesso que era um pouco cansativo porque saía de casa entre as sete e meia e as oito, para ir para a escola e muitas vezes, especialmente a partir do escalão de iniciados, em que treinamos quatro vezes por semana, chegava a casa só às nove e meia, dez da noite. Era um bocado cansativo mas sempre consegui conciliar as duas coisas e manter boas notas. Também era uma condição dos meus pais, que teria de manter as boas notas na escola, para continuar no futebol.
Quando é que se muda para o lar do Benfica?
Foi na altura da inauguração do centro de estágio do Seixal. Quando passei para júnior, os treinos passaram a ser de manhã e já não dava para conciliar com a escola lá, e o Seixal era mais longe, ficava mais complicado.
Custou-lhe deixar o ninho?
Não, já tinha 17 anos e ao fim e ao cabo também continuava perto de casa. Jogávamos ao sábado, os meus pais iam ver e eu depois ia com eles para casa, por isso todas as semanas conseguia ir a casa, não me custou muito.
No centro de estágio, muitas partidas, muitas praxes?
Não houve muitas partidas, mas tínhamos um grupo engraçado que já jogava junto há algum tempo, um grupo de amigos que ainda mantenho hoje em dia, o Ruben Lima, o André Carvalhas, o Romeu Ribeiro, o Miguel Rosa. Estes são os que ainda jogam, julgo eu, mas há outros que já não jogam. Todos os anos tentamos juntar-nos no verão e fazemos um jantar; normalmente também com o mister Bruno Lage, que foi nosso treinador durante três anos e com quem mantemos uma relação muito boa.
Dos tempos de formação no Benfica foi Bruno Lage o treinador que mais o marcou?
Sim, foi com quem estive mais tempo a trabalhar e foi uma pessoa bastante especial, que me fez evoluir muito. Foi um treinador muito importante para mim.
Miguel Vitor (à direita) num jogo da formação, com o Sporting
Quando é chamado pela primeira vez à equipa sénior e por quem?
No meu primeiro ano de júnior, no final da época a equipa principal do Benfica teve uma digressão aos EUA, na altura o treinador era o Fernando Santos. Foi a primeira vez que fui chamado à equipa principal e também estive em alguns jogos amigáveis durante essa época, na equipa principal do Benfica.
Recorda-se do que sentiu quando entrou pela primeira vez no balneário sénior do Benfica?
Sim, ver todos aqueles jogadores que estava habituado a ver só na televisão, que admirava muito, e de repente estar ali ao lado deles era uma sensação estranha. Sempre fui tímido e acho que as primeiras vezes que entrei no balneário estava no meu canto, calado, e não sabia muito bem como reagir àquilo [risos].
Ninguém se meteu consigo?
Brincadeiras. Lembro-me por exemplo que na altura jogava o Paulo Jorge e o Miguelito e quando viajamos para os Estados Unidos, o meu lugar era à janela e eles queriam trocar comigo. "Ó miúdo dá aí o teu lugar à janela que eu gosto de ir à janela", aquelas brincadeiras, mas nada de especial.
Havia algum jogador sobre o qual tivesse maior curiosidade?
Sim, na altura o Rui Costa tinha regressado ao Benfica e como disse, foi uma referência para mim e era um jogador com quem tinha grande curiosidade em trabalhar. Era uma honra para mim, poder estar ali num balneário ao lado dele. E tinha também outras figuras, o Nuno Gomes, o Miccoli, o Luisão. Foi uma altura que deixou marca, quanto temos 17 anos e de repente estamos ali a trabalhar junto desses jogadores.
Fernando Santos fica pouco tempo e entretanto vem Camacho. Muito diferentes?
Sim, o Fernando Santos, especialmente para um miúdo que acaba de subir à equipa principal, tem aquele ar mais casmurro e sério e intimidava um pouco. O Camacho era um pouco mais aberto, tinha conversas mais próximas. Foi com ele que me estreei em jogos oficiais e ele tinha conversas mais pessoais, conseguia ser mais amigável, mais empático, pelo menos na altura em que trabalhei com ele, senti um pouco mais isso, essa diferença.
A disputar uma bola num jogo com o Paços de Ferreira, em 2008
Nessa sua primeira época como sénior houve algum jogo que lhe tenha feito tremer as pernas?
O primeiro jogo oficial que fiz pelo Benfica contra o Vitória de Guimarães, no estádio da Luz. Foi o primeiro jogo do Camacho, acho que o Luisão se tinha lesionado nessa semana e eu fui titular. Foi assim uma coisa. Um ano antes estava com a equipa juniores e de repente no 2.º ano de júnior estou ali a jogar na equipa principal do Benfica. Acho que estavam umas 50 mil pessoas, confesso que me fez tremer um pouco as pernas. Hoje, as coisas estão diferentes, há uma aposta diferente nos jogadores jovens e muitos aos 16, 17 anos estão a jogar nas equipas B, por exemplo, e conseguem adquirir outra experiência, jogam já contra homens. Na altura não havia equipa B e eu vim de jogar o campeonato de juniores para ser lançado ali, na equipa principal.
Notou muita diferença de ritmo?
Exatamente: a diferença é muito grande. Em termos de experiência e de maturidade é muito diferente do que acontece hoje em que os jogadores já têm 30, 40 jogos na II liga, o que dá outro nível de preparação. Confesso que naqueles primeiros jogos havia um certo nervosismo. O jogo seguinte que fiz, foi da pré-eliminatória da Liga dos Campeões, em Copenhaga, um jogo decisivo para o Benfica entrar na fase de grupos. Antes de começar o jogo havia sempre aquele nervosismo mas, quando a bola começa a rolar, isso fica um bocado esquecido e concentramo-nos só em fazer o nosso trabalho. O primeiro jogo que fiz na Liga dos Campeões foi contra o AC Milan que na altura era a equipa campeã europeia, foram momentos que surgiram muito depressa na minha vida, muito marcantes e que eu não esperava que pudessem acontecer tão cedo.
Nessa altura também já havia saídas à noite, namoros?
Sim, foi mais ou menos por essa altura, mas sempre fui uma pessoa muito profissional. Nunca tive problemas com isso. Claro que tinha as minhas saídas à noite com os meus amigos, mas era sempre quando tinha folga no outro dia ou depois de um jogo, em que não houvesse problema, sempre fui muito cuidadoso com essas coisas.
Quando ganha dinheiro pela primeira vez com o futebol?
Quando era juvenil, tinha uns 15, 16 anos, fiz contrato de formação e acho que recebia 250 euros.
Lembra-se do que fez com o primeiro dinheiro que ganhou?
Sempre fui muito poupado. Tinha uma conta que os meus pais me tinham aberto e metia lá o meu ordenado. Felizmente também nunca precisei usar esse dinheiro e fui poupando.
Miguel Vítor (à esquerda) durante um jogo da Liga Europa com o AEK de Atenas, em 2009
Voltando ao Benfica, acabou emprestado ao Desportivo das Aves, certo?
Fui emprestado a meio da época, tinha feito quatro, cinco jogos pela equipa principal do Benfica.
É emprestado tão cedo porquê?
Porque voltaram alguns jogadores que estavam lesionados, o Luisão era um deles. E contrataram também outro central, o Edcarlos. Eu tinha feito esses jogos mas não tinha espaço na equipa principal do Benfica e pensamos em conjunto que a melhor solução seria ser emprestado para ganhar experiência.
Não ficou chateado?
Não, sinceramente senti que precisava de jogar, precisava de ganhar experiência porque tinha sido tudo muito repentino e senti que para a minha evolução o melhor também era o empréstimo, jogar, ganhar maturidade, errar, porque o treino é muito diferente do jogo e só no jogo é que às vezes se cometem certos erros e com isso vamos aprender. Ainda era o meu 2.º ano de júnior, e já seria bom para mim estar a jogar na II Liga, conseguir ganhar essa experiência.
Isso obrigou-o a sair do Seixal e rumar a norte, à Vila das Aves. Foi sozinho?
Fomos três jogadores do Benfica: eu, o Romeu Ribeiro e o Ruben Lima; fui com dois amigos. Ficámos os três no mesmo apartamento e facilitou a adaptação, fazíamos companhia uns aos outros.
Iam comer todos os dias fora ou havia algum que já cozinhava?
Naquela altura acho que ainda ninguém se desenrascava na cozinha [risos]. Mas o clube tinha um acordo com um restaurante e íamos lá sempre fazer as refeições, almoço e jantar.
Como foi passar de repente da realidade do Benfica e da I Liga, para um clube muito mais pequeno da II Liga?
Foi um clube de que gostei, era bastante familiar, pessoas muito boas. É uma pena o que aconteceu ao clube. Foi uma experiência muito boa, mas claro que os métodos de treino, a maneira de jogar eram diferentes. O Henrique Nunes era um treinador já muito experiente na II Liga, lembro-me que o D. Aves não estava muito bem classificado e então era aquela luta pelo ponto e por ganhar. Não interessava jogar bem ou jogar mal, interessava era sair dali com os pontos para subir na classificação. Foi uma experiência diferente mas acho que foi benéfica para mim. Cresci tanto como homem, como jogador.
No final da época regressa ao Benfica onde já estava Quique Flores. Gostou dele?
Foi a época em que joguei mais na equipa principal do Benfica, que me correu melhor a nível pessoal. Como era um treinador mais jovem era mais aberto aos jogadores. Também tinha uma maneira de jogar diferente, mais virada para o ataque do que o Camacho. E era uma pessoa bastante próxima dos jogadores. Apesar das coisas a nível de equipa não terem terminado da melhor forma. Até meio da época estávamos bem e chegámos a estar na liderança do campeonato, mas a partir de dezembro tivemos uma quebra e as coisas não acabaram da forma que nós queríamos. Mas acho que foi um treinador que deixou uma boa marca nos jogadores pela relação que tínhamos e pelo que evoluímos com ele.
Quando regressou do Aves já não voltou a viver no Seixal.
Não, na altura foi quando comprei o meu primeiro apartamento em Lisboa. Fui viver sozinho, mas pouco tempo depois conheci a Tânia e começamos a viver juntos.
Como é que se conheceram?
Através de uma pessoa em comum que nos apresentou, começamos a falar e as coisas avançaram.
Nunca se tinham cruzado antes com ela, uma vez que a Tânia era jornalista de um diário desportivo?
Não, acho que nunca tinha estado numa conferência de imprensa com ela, pelo menos que eu tivesse reparado. Só me apercebi do que fazia depois de a conhecer.
Na época seguinte chega Jorge Jesus ao Benfica. Como foi o primeiro impacto com ele?
Era um treinador que vinha com ideias diferentes, muito mais atento ao detalhe. Também vinha com grande ambição, era a primeira vez que estava num clube grande e via-se que levava o treino muito a sério, até ao mais pequeno pormenor. Acabou por ser uma época a nível coletivo muito boa, conseguimos ser campeões nacionais, trazer o título de volta para o Benfica.
Ouviu muitas duras dele?
Acho que o normal. Toda a gente está sujeita a levar aquelas duras dele, temos que estar preparados para isso. Claro que se calhar a primeira e a segunda vez, um jogador fica assim mais surpreendido, o estilo dele era diferente do de Quique Flores nesse aspeto, mas depois uma pessoa habitua-se e sabe que também não é por mal, é a maneira de ser e de estar dele e passa, a pessoa vai-se habituando e já não liga muito.
O que lhe ficou na memória dos festejos do título?
Aquela festa no Marquês de Pombal. Foi a primeira vez que fui campeão nacional, ainda por cima pelo clube do meu coração, foi muito especial, apesar de não ter sido muito utilizado, foi o concretizar de um sonho: ser campeão nacional pelo Benfica. Nesse festejo que tivemos no Marquês com milhares e milhares de pessoas, lembro-me de jogadores como o Saviola, que já tinha sido campeão no Real Madrid, dizer que nunca tinha visto uma festa assim.
Miguel Vitor foi emprestado ao Leicester de Inglaterra em 2010/11
A seguir é emprestado novamente, desta vez para Inglaterra. Porquê?
Como disse, não estava a ser muito utilizado e senti que precisava de jogar e na altura falei com os dirigentes do Benfica. Surge o convite do Leicester, o treinador era o Paulo Sousa. Eu não conhecia a II Liga inglesa e fiquei um pouco de pé atrás, mas os meus colegas que já lá tinham jogado disseram-me que era uma liga ao nível da nossa I Liga, quer a nível de estádios, de adeptos, de condições, de organização e decidi dar esse passo.
Era uma coisa que ambicionava, jogar fora ou nunca lhe tinha passado pela cabeça?
Nunca tinha passado muito pela cabeça, estava no Benfica, no clube do meu coração, onde sempre ambicionei jogar na equipa sénior e estava a realizar um sonho. Mas por outro lado, como era pouco utilizado, senti que precisava de uma coisa diferente para a minha carreira e acho que foi uma decisão bastante boa porque foi um sítio onde adorei estar e jogar.
Já tinha deixado os estudos?
Quando passei à equipa sénior do Benfica, nesse verão entrei na faculdade, em fisioterapia, em Setúbal, só que comecei os treinos com a equipa principal, os jogos, os estágios e senti que era complicado conciliar as duas coisas. Não dei seguimento à faculdade.
Vai para Inglaterra sozinho ou com a Tânia?
Primeiro fui sozinho para assinar o contrato, ela foi lá ter comigo passado poucas semanas. Na altura foi complicado para ela porque teve de deixar o seu trabalho, mas foi uma decisão que tomamos em conjunto. Para nós só fazia sentido continuarmos juntos estando a viver no mesmo sítio, não acreditávamos nos relacionamentos à distância. No início, quando fui sozinho, foi um bocado complicado por causa do inglês, especialmente do "accent" britânico, que era difícil de perceber ao início. Depois uma pessoa vai-se habituando e foi uma experiência excelente, gostámos muito de lá estar. Mesmo a nível profissional foi uma experiência muito boa.
O que achou de Paulo Sousa?
Gostei muito de trabalhar com ele. Infelizmente ele saiu passados três, quatro meses, em outubro, os resultados não estavam a ser condizentes com a aposta que tinha sido feita, mas foi um treinador com quem gostei muito de trabalhar e que via que ia ter bastante sucesso.
Quem é que o substituiu?
O Eriksson, um treinador também marcante e já com uma história em Portugal e no Benfica. Lembro-me de falar com ele várias vezes sobre o Benfica, ele tinha adorado estar em Portugal e na altura acho que tinha uma casa em Cascais. Mas uma escola mais antiga do que a do Paulo Sousa, que tinha ideias diferentes, mais inovadoras. O Eriksson mais “old school”, se calhar com muito menos ênfase na parte tática do que tinha o Paulo Sousa, coisas mais simples. Mas o que é certo é que os resultados melhoraram e acabamos por quase entrar nos playoffs para o acesso à Premier League.
Adaptou-se bem ao futebol inglês?
Sim, apesar de não ser um central muito alto, acho que sou um central bom no jogo aéreo e com poder físico e por isso encaixou bem nas minhas características. Consegui mostrar o meu valor. No início da época tive uma ou duas lesões musculares que atrasaram um bocado a minha afirmação, mas acho que consegui fazer uma boa época.
Também gostou dos ingleses?
Sim. Se compararmos com os portugueses ou com os gregos, onde as pessoas são muito mais quentes, muito mais afáveis, aquela primeira impressão é diferente. Mas tinha uma pessoa que jogou comigo, o Moreno, que tinha vindo do Vitória de Guimarães e criámos uma grande amizade. Estivemos um ano juntos, nós e as nossas famílias. Morávamos no mesmo prédio e isso também ajudou a ultrapassar essa mudança. Passados seis meses, em janeiro, veio o Ricardo, o guarda-redes, e foi importante ter portugueses nesta primeira experiência fora. Lembro-me que jogávamos quase sempre ao sábado e à terça e depois do jogo de sábado jantávamos com o Moreno e a mulher e os adjuntos do Paulo Sousa e, mais tarde, com o Ricardo. Íamos sempre a um restaurante português que era frequentado por emigrantes, sentíamos muita falta da comida portuguesa. Quando não dava para ir jantar fora, fazíamos uns petiscos em casa.
Não ficou lá porquê?
Eles queriam ficar comigo, mas não chegaram a acordo de verbas com o Benfica, que pediu um bocado de dinheiro a mais do que eles estavam dispostos. E voltei ao Benfica.
Ainda era Jorge Jesus treinador e não jogou muito com ele.
Não, com ele, infelizmente não. Ao longo dos três anos que trabalhei com ele, não tive muita utilização. Tinha uma concorrência muito forte, o Luisão, o David Luiz, o Garay, tive sempre jogadores de grande qualidade na minha posição e acho que acabou por ser natural essa pouca utilização.
Há um período em que vai jogar para a equipa B, não é?
Sim, isso foi na última época no Benfica. O meu contrato estava a acabar, sabia que provavelmente ia sair. Eu também queria sair porque já vinha de dois anos em que estava a ser pouco utilizado e na altura fui mesmo eu que pedi para jogar na equipa B, para me dar ritmo competitivo, para a próxima experiência que fosse ter. Um jogador o que mais gosta é de jogar, de ver o seu nome na lista de convocados no fim de semana. Claro que estava contente por estar num grande clube como o Benfica, mas por outro lado não me sentia realizado, nem valorizado. Não me sentia importante para a equipa e senti que precisava de outra coisa para a minha carreira, por isso decidi que o melhor era sair do Benfica.
O Benfica queria renovar consigo ou não?
Queria. Também achei curioso porque não estava a ser muito utilizado nesses últimos dois anos, mas recebi uma proposta de renovação deles. Do clube só tenho coisas boas a dizer, mesmo depois de ter saído do clube, numa ou duas lesões que tive, foram sempre fantásticos comigo, estive a fazer a recuperação duas vezes no Seixal. Só posso dizer coisas boas, senti que gostavam de mim, o Rui Costa, o presidente, mas na altura falei com eles e com todo o respeito, precisava de outros desafios, de me sentir importante e acho que toda a gente percebeu essa minha decisão.
Já sabia que ia para o PAOK?
Sim. Comecei a falar com o PAOK mais ou menos em março/abril, quando eles demonstraram interesse. No final dessa época assinei contrato.
Vai para a Grécia com a sua mulher?
Sim, e com a nossa filha Laura, que já tinha um ano. E a Tânia estava grávida da Leonor, por isso foi uma grande mudança.
Assistiu ao parto das suas filhas?
Da Laura assisti, ela nasceu três, quatro dias antes de irmos para o estágio de pré-temporada na Suíça e consegui assistir. Da Leonor, infelizmente não, porque foi na altura em que estava na Grécia e a Tânia já tinha vindo para Portugal para os dois últimos meses de gravidez. A Leonor estava com um bocado de pressa para sair [risos]. Foi uma surpresa. Lembro-me que ia entrar no avião para Atenas, para jogar, e ela ligou-me a dizer que tinham rebentado as águas e que ia para o hospital [risos]. E eu sem poder fazer nada. Jogámos no dia seguinte e depois fui para Portugal. Ainda fui ter com elas ao hospital.
A Grécia superou as suas expectativas?
Superou. Foi um país onde gostámos muito de viver, onde as pessoas são muito parecidas connosco, bastante acolhedoras. O clube também providenciou todas as condições para nos sentirmos bem.
E ao futebol grego, também se adaptou bem?
Não é um futebol com grandes diferenças para o português, se calhar um nível abaixo do português, em qualidade, mas tinha três, quatro equipas grandes que eram muito fortes no campeonato. Adaptei-me bem, estive três anos muito bons no PAOK, em que fui sempre titular, fui sempre importante na equipa, que era o que eu procurava.
Era abordado na rua pelos adeptos?
Ah sim, sim. Na cidade eu ia a todo o lado, a um café, um restaurante, ia na rua e toda a gente me conhecia. Desde o miúdo até à pessoa mais velha. Salónica é uma cidade grande mas em que toda a gente vive um bocado para o clube. Eles têm dois clubes, o PAOK e o Aris. Toda a gente sabe quem são os jogadores e vibram muito com o futebol. Tive jogos incríveis. Há um com o Olympiacos, em casa, com grande espetáculo pirotécnico, está no Youtube, na altura naquele estádio acho que toda a gente tinha uma tocha e foi um ambiente incrível mesmo, muito quentes. São experiências que vão ficar para a vida.
Em 2016/17 Miguel Vítor (à esquerda) chega ao Hapoel Beer Sheva de Israel
Não tem nenhuma história para contar desses tempos?
A primeira experiência logo. Estou a vir de táxi com o meu empresário do aeroporto para o hotel, e passa uma rapariga de mota com o capacete enfiado no braço e ao telemóvel, de repente a polícia passa por ela e não a multa, nada [risos]. Ficámos a olhar um para o outro e a pensar: “aqui pelos vistos é tudo à vontade”. De facto, a polícia não ligava muito às infrações de trânsito, nem ao que se passava na rua. Era um povo bastante descontraído, que gostava de aproveitar o dia a dia, estar nos cafés, nos restaurantes e não se preocupava muito com o amanhã.
Qual foi o hábito grego que tenha agarrado logo? E pelo contrário, qual o costume ou o aspecto cultural com o qual nunca se identificou?
Gostava muito do café deles, o café frio, o freddo expresso. Foi um um hábito que apanhei, todos os dias bebia esse café. Uma que não gostasse tanto. Eles tinham muito uma mania que era estacionar em segunda fila. A primeira vez, alguém estacionou em segunda fila, atrás do meu carro, quando cheguei comecei a apitar, a apitar, mas não via ninguém. Passavam 10, 15 minutos, vem uma senhora e eu refilei: "Mas o que é que se passa? Deixou aí o carro e nem está aqui perto!". E ela apontou-me para o pára-brisas. Eu nem estava a perceber. Então, disse-me que tinha deixado um papel com o número de telefone, para quando eu chegasse ao carro lhe ligar para ela vir tirar o carro dela [risos]. Não faz sentido nenhum, eu nem sabia daquele hábito e lembro-me de ter ficado bastante chateado. Quando aconteceu novamente, eu já sabia e ligava: "Olhe pode cá vir tirar o carro que tem o seu carro à minha frente?" [risos]. Era assim que funcionava, mas foi uma coisa que no início me deixou um bocado chateado.
Teve vários treinadores nesses três anos, houve algum que o tivesse marcado mais?
Se calhar o Igor Tudor que tinha sido jogador da Juventus, central croata, jogou na minha posição. Trouxe um sistema tático diferente, que nunca tinha jogado antes. Meteu-nos a jogar com três centrais. Hoje em dia está um bocado mais na moda, mas na altura não era assim tão utilizado. Foi um treinador que foi importante pelo conhecimento que trazia da Juventus e do campeonato italiano.
Chegou a ser campeão com ele?
Infelizmente não consegui ser campeão pelo PAOK, é uma das mágoas que guardo da Grécia, não ter conseguido nenhum título. Perdi uma final da Taça e não conseguimos nunca ser campeões, foi sempre o Olympiacos. É uma mágoa que tenho porque via-se que os adeptos estavam muito ansiosos por serem campeões.
Como se dá a partida para Israel? Tinha mais anos de contrato com o PAOK?
Na altura acabava contrato com o PAOK. As coisas chegaram a estar bem encaminhadas para renovar, mas depois entrou um novo diretor desportivo e tivemos uma série de problemas com a renovação de contrato.
Que tipo de problemas? Por causa das verbas envolvidas?
Também. Mas nem foi tanto por causa de dinheiro porque eu ia ficar na Grécia com uma proposta bastante mais baixa do que vim receber depois em Israel. Acertamos tudo ao nível de valores, tinha acabado a época e eu fui para Portugal. O diretor desportivo perguntou-me se eu queria que ele enviasse uma pessoa com o contrato para eu assinar ou se eu queria ir à Grécia. Eu disse-lhe que já que estava de férias e eram só duas ou três semanas de férias, se pudesse mandar alguém a Portugal melhor, escusava de perder dois ou três dias para lá ir assinar. Ele disse OK, que ia enviar alguém. Qual não é o meu espanto, no dia seguinte foi a apresentação do novo treinador. Os jornalistas perguntaram pela minha renovação e ele disse que eu não ia continuar. Lá são mais duas horas do que em Portugal e lembro-me de acordar nessa manhã e de ter montes de chamadas e mensagens, sem perceber o que era.
Quando soube o que fez?
Fiquei mesmo passado da cabeça. Disse-lhe tudo e mais alguma coisa ao telefone. Foi uma coisa muito má porque se ele não quisesse continuar comigo podia ter-me dito, teve bastantes oportunidades para isso.
O treinador era o mesmo?
Tínhamos um treinador interino na altura, que continuou. Mas acho que não foi pelo treinador, cheguei a falar com ele. Não sei bem o que é que se passou exatamente, mas confesso que, eu que até sou uma pessoa bastante calma, fiquei bastante chateado e passei-me com aquilo tudo, pela forma como foi feito. Depois eu era um jogador livre e fiquei a ver o que é que aparecia. Lembro-me do meu empresário me ter proposto pela primeira vez Israel.
Qual foi a sua reação?
Tinha aquela imagem de que Israel era só conflitos e problemas de segurança por causa da faixa de Gaza, bombas, etc. E disse-lhe: "Não, Israel nem pensar. Vê-me outra coisa". Mas depois ele disse-me para falar com outros jogadores que já tinham estado lá. Falei com o Orlando Sá, que é meu amigo e estava no Maccabi Tel Aviv, falei também com o Bruno Pinheiro que já tinha jogado cá e ambos me falaram muito bem do país. Que era espetacular para viver, não era nada da imagem que passava em Portugal, que podia ir à confiança. E pronto. O clube também melhorou a proposta, tinha acabado de ser campeão, ia jogar o apuramento da Liga dos Campeões, foram tudo coisas que pesaram na minha decisão. Mas lembro-me que vim cá com a Tânia antes de assinar para conhecer um bocado o país e ver se era como me estavam a dizer. E já lá vão quase cinco anos.
Gostou logo de Israel quando aí chegou?
Na altura foi um pouco estranho porque cheguei numa sexta-feira que é o dia que equivale ao nosso sábado em Portugal. Ou seja, o sábado e domingo aqui são sexta e sábado. Eu cheguei às cinco, seis da tarde e não se vê ninguém na rua porque começa o Shabat. Lembro-me de estar na janela do hotel em Beer Sheva e pensar que parecia uma cidade fantasma. Ficamos assim um bocado. Depois quando acabou o Shabat, no final de sábado, já vimos um ambiente diferente nas ruas, as lojas abertas e já deu para conhecer melhor. Mas tive outro episódio engraçado nesse sábado.
Conte.
Quando aterrei em Israel pela primeira vez, a minha mala não chegou. Só tinha a roupa que tinha no corpo, como cheguei na sexta-feira, estava tudo fechado até sábado à noite. Quando as lojas abriram, fui logo comprar umas mudas de roupa, até porque ia assinar o contrato no dia seguinte. E quando entro na loja vejo uma pessoa com uma metralhadora às costas a escolher roupa. Fiquei atrapalhado e até perguntei ao empregado se aquilo era normal [risos]. Também me lembro de estar num hotel e de ver um rapaz com uma metralhadora e de calções de banho e chinelos. Quando quis ir à piscina meteu a arma debaixo da espreguiçadeira e lá foi. Agora não me faz impressão nenhuma e sei o porquê de ser assim, são soldados e têm mesmo de andar sempre com a arma.
Quando chegou ao clube como foi o primeiro impacto?
Eles levaram-me ao estádio que era novo, um estádio médio, para 16 mil pessoas. Mostraram-me vídeos do ambiente e depois vi que era verdade, um estádio sempre cheio com um ambiente muito bom, a equipa também estava num momento muito bom, tinha acabado de ser campeã e as coisas corriam todas bem. É o único clube da cidade, então também é uma loucura, todas as pessoas nos conhecem nas ruas, nos restaurantes, cafés, toda gente pede uma foto, um autógrafo, deu para ver logo de início que o clube era quase como uma religião na cidade.
Mal chega é campeão. Aliás, foi campeão dois anos seguidos.
Sim, a primeira época foi muito boa, ainda por cima fui eleito o melhor jogador da Liga de Israel, um prémio que não é costume um defesa ganhar. Foi um momento marcante da minha carreira.
Tinha assinado por quanto tempo?
Por dois anos, mais um de opção. Entretanto já renovei duas vezes.
Miguel Vítor com as filhas, Laura e Leonor, a mulher, Tânia e o pai, em 2017, a festejar o título em Israel
O que o leva a continuar a em Israel e no Hapoel Beer Sheva.
Tanto a nível desportivo como familiar sinto-me muito realizado. As minhas filhas andam na escola, sabem falar o hebraico, já têm aqui os seus amigos, sentem-se muito bem e dizem que querem ficar aqui mais tempo. Israel é um país muito seguro e tranquilo; acima de tudo é um sítio incrível para as crianças crescerem. Nós moramos num lugar espetacular, é tipo um condomínio com cerca de oito mil pessoas, onde há tudo: escolas, supermercados, clínicas, lojas. As minhas filhas brincam na rua com os amigos até anoitecer, os miúdos vão a pé para a escola e há um grande sentido de comunidade. Sinto que somos privilegiados por vivermos aqui. Também me sinto bem como jogador, sou o capitão da equipa, sinto-me muito acarinhado no clube e na cidade. São tudo coisas que contribuem para que continue. Já fui campeão duas vezes, no ano passado ganhámos a taça de Israel, o que me deixa feliz a nível profissional.
Também já fala hebraico como as suas filhas?
Algumas coisas. Percebo muita coisa, falar é mais complicado, é uma língua muito difícil. Mas se for a algum lado, as minhas filhas também me ajudam.
Pensa terminar a carreira aí ou gostava de pendurar as chuteiras em Portugal?
Vejo-me a terminar a carreira em Portugal. Já são oito anos fora de Portugal e confesso que começo a sentir algumas saudades do país. Mas no futebol nunca se sabe, provavelmente vou continuar aqui mais um ano, depois a minha filha mais velha passa para o 5.º ano e já é um ano mais complicado para se poder dar o ensino à distância como está a fazer a Tânia, que acompanha o programa português e dá as aulas em casa às nossas filhas.
Elas não estão numa escola internacional?
Não, porque aqui não há nenhuma. Estão as duas numa escola israelita.
Os israelitas são muito diferentes de nós e dos gregos?
É um povo que ao início se calhar. são mais desconfiados. Não dão confiança nas primeiras vezes, mas depois de conhecerem e de terem confiança, posso dizer que tenho grandes amigos aqui, que são pessoas que fazem tudo por ti e estão sempre disponíveis para ajudar no que quer que seja.
Miguel a disputar uma bola num jogo da Liga Europa com o Milão
A propósito dos conflitos e do medo das bombas, alguma vez apanharam algum susto?
Nestes cinco anos só houve uma vez em que tivemos uma situação mais complicada, há dois anos, numa altura de conflito na faixa de Gaza. Nós estamos a 30/40 km. Aqui todas as casas têm um quarto que é uma espécie de um bunker, à prova de bomba. Se tocar o alarme de que foi disparado um rocket, temos 45 segundos para ir para esse quarto. E aconteceu aqui num dia, duas vezes que tivemos de ir para esse quarto. Foi um grande susto porque foi a primeira vez em todos estes anos que isso aconteceu.
Como reagiram as suas filhas?
Elas estavam a dormir. Eu estava no sofá com a Tânia, eram umas dez da noite, e ficamos sem reação durante um segundo ou dois, ao início estávamos um bocado em pânico e sem perceber muito bem o que era, mas começámos a correr e foi cada um buscar uma delas e levamos para esse quarto. Em 90% dos casos não acontece nada porque esses rockets são destruídos pelas forças de defesa de Israel. Mas pelo sim pelo não, eles dizem que as pessoas têm de ir para esses bunkers. Foi um susto grande e confesso que nessa noite dormimos todos nesse quarto porque estávamos com receio que se pudesse voltar a repetir e estivéssemos a dormir e não ouvíssemos ou não tivéssemos tempo. As minhas filhas primeiro nem estavam a perceber porque estavam meio a dormir e também desvalorizamos, dissemos que estava trovoada lá fora. Depois com calma é que expliquei, porque eles também falam disso na escola e têm simulacros. Elas encaram com mais normalidade do que eu.
Esse quarto tem o quê?
Basicamente o quarto é todo em betão. Tem uma janela, em que do lado de fora tem uma parte em aço que dá para fechar nessas alturas. Cada um pode fazer o que quiser desse quarto. Há pessoas que, como tem janela, fazem de quarto para dormir. Nós fizemos desse quarto uma espécie de sala de estudo. É onde a Tânia dá as aulas. É um quarto normal só que as paredes são feitas em betão. Até tive um episódio caricato porque na altura em que chegamos eu queria pendurar um quadro para as aulas delas. E quando fui pregar o prego na parede o prego entortou todo e só depois é que pensei: "O que é que estás a fazer? Isto é aço" [risos].
As filhas de Miguel Vitor no deserto de Wadi Rum, em Isael
Faço a mesma pergunta que fiz em relação à Grécia. A que habito se habituou mais facilmente aí em Israel, e pelo contrário qual é o costume a que não se consegue habituar de maneira nenhuma?
À sexta-feira, no shabat eles têm o costume de juntar toda a família e alguns amigos e muitos amigos me convidam às sextas-feiras para ir a casa deles e juntar-me à família. Eles fazem uma reza para benzer o pão e o vinho que se vai beber nesse dia. Eles têm outro costume engraçado que na primeira vez achei muito estranho. Quando cheguei ao hotel, numa sexta-feira, abriu um elevador e eu ia entrar e o diretor do meu clube disse para eu não entrar naquele porque era o elevador do shabat. Não estava a perceber. E afinal tem a ver com uma tradição religiosa também. Os mais religiosos à sexta-feira, a partir das 18h, até sábado às 19h, não tocam em aparelhos eletrónicos, nem televisões, luzes, nada. Como não podem chamar o elevador, então aquele elevador pára em todos os pisos do prédio. Se tivesse entrado naquele elevador ia demorar um bocado até chegar ao 10.º piso que era para onde íamos [risos]. Tenho colegas de equipa, um ou dois só, que sexta e sábado nem utilizavam telefone. E como não podem conduzir também nesses dois dias, moravam perto do estádio, para quando jogávamos ao sábado.
E da comida, gosta?
Confesso que gostava mais da comida grega. A comida aqui tem muitos molhos, muitos picantes e eu não sou muito adepto disso, gosto mais dos grelhados e da comida mediterrânica mais parecida com a nossa. Recordo-me que no dia em que aterramos, fui convidado para ir jantar a casa do team manager da minha equipa. Estávamos na conversa, ele falava-me um pouco da história do clube e eu meti à boca uma malagueta a pensar que era um pimento. Aqui, as malaguetas são diferentes, maiores. Fui à campeão, mas fiquei com a boca a arder, porque não quis que se apercebessem [risos].
Em 2017, Miguel Vitor recebeu o prémio de melhor jogador estrangeiro e melhor joagdor do ano
Já pensou no que quer fazer depois de deixar de jogar?
Vou pensando. Mas sinceramente não sei o que vou fazer. A minha ideia será tirar se calhar um ano para pensar um bocadinho e viajar. Estou indeciso sobre o que vou fazer e quero também ver se vou sentir a falta do futebol ou não.
Tem alguma meta para deixar de jogar?
Não. Quero continuar enquanto me sentir bem fisicamente para jogar, mas não quero andar a arrastar-me em campo. Não tenho nenhuma meta. Não sou um jogador capaz de criar muitos objetivos a longo prazo. Deixei a minha carreira andar ao sabor de como me ia sentindo. Daí nunca ter mudado muitas vezes de clube. Está tudo em aberto.
Passou por quatro ligas diferentes. A qual delas se adaptou melhor?
Se calhar a liga inglesa um bocado diferente, um jogo mais físico, um futebol mais direto, mas as outras três, apesar de níveis diferentes, é um futebol onde me enquadrei bem, não tenho nenhuma que diga que me adaptei melhor, acho que sou um jogador que me consigo adaptar a vários estilos.
Onde ganhou mais dinheiro?
Em Israel.
Investiu em quê?
Em imobiliário e produtos financeiros. Neste momento eu e a Tânia temos uma empresa, o SAD, serviço de apoio domiciliário a pessoas idosas e doentes, em Portugal. A Tânia é que tem a gestão disso. É um projeto dela que começamos há quase quatro anos.
Qual foi a maior extravagância que fez?
Não sou muito de extravagâncias, se calhar onde sou capaz de perder mais a cabeça é em férias. Nós adoramos viajar e conhecer lugares novos, aliás é das coisas que mais sinto falta nesta pandemia.
Que local mais o deslumbrou até hoje?
Gostei muito do México e do Dubai, mas desde que cheguei a Israel há um sítio que adoro ir: à Jordânia. Já lá fomos muitas vezes, mas lembro-me que a primeira foi especial. Tínhamos chegado há pouco tempo. Fomos de carro até à fronteira do sul de Israel e pensámos que podíamos passar com o carro, tal como fazemos na Europa. Mas claro que não. Tivemos de deixar o carro no parque e de fazer a travessia a pé. Os poucos carros que passam de Israel para lá têm de mudar a matrícula na fronteira e, por razões de segurança, ficam com matrícula jordana. Demoro duas horas e meia até à fronteira e costumamos lá ir na paragem para as seleções. Além das praias, tem Petra e Wadi Rum, um deserto que vale a pena conhecer. Israel também é um sítio fantástico para visitar. Costumamos receber muitas visitas que saem daqui muito contentes com o país. Vamos também ao Mar Morto, um dos nossos locais preferidos em Israel, a 45 minutos de casa e paragem obrigatória quando recebemos amigos portugueses.
Tem algum hóbi?
Não. Deixei de ter tempo para a PlayStation desde que nasceram as minhas filhas, por isso, nem isso. Gosto de seguir a NBA, sobretudo os Lakers que é a minha equipa preferida. O Kobe Bryant infelizmente já não está entre nós, mas foi sempre o meu jogador preferido. Também gosto de ciclismo.
Tatuagens?
Tenho apenas uma muito pequena que fiz com a Tânia na altura em que nos juntámos. Mas fica entre nós [risos].
É um homem de fé?
Sim, mas não praticamente.
E superstições, tem?
Apenas a de entrar com o por direito em campo.
Miguel Vítor (à direita) com os amigos de infância, no Alentejo
Qual foi o adversário mais difícil que encontrou pela frente?
Lembro-me de jogar contra o Agüero na altura em que estava no Benfica e ele no Atlético de Madrid. E também no meu primeiro jogo da Liga dos Campeões pelo Benfica jogamos contra o Milan e o Kaká também foi um adversário bastante complicado.
Pratica algum desporto além de futebol?
Não. Gosto de jogar nas férias ténis, mas é só mesmo nessa altura.
Qual a maior frustração na carreira?
Se calhar não ter conseguido chegar à seleção A. Só fui até aos sub-21. Faltou esse passo.
Momento mais feliz na carreira?
Difícil escolher um. Desde a estreia pela equipa principal até ser campeão pelo Benfica, e os títulos que consegui em Israel. O facto de ter sido capitão em todos os clubes por onde passei a longo prazo: Benfica, PAOK e Hapoel Beersheva. Quando era miúdo, tinha o sonho de ser capitão do Benfica pela equipa sénior e sagrar-me campeão nacional. É com orgulho que posso dizer que cumpri os dois.
E o mais triste ou mais difícil?
Tive uma final da Taça perdida pelo PAOK e também aquela fatídica semana do Benfica no meu ultimo ano lá, em que perdemos tudo. Perdemos a Liga Europa, Campeonato e Final da Taça. Foi uma semana complicada.
Qual o clube de sonho onde gostava de ter jogado?
Real Madrid.
Quais foram as maiores amizades que fez no futebol?
Alguns jogadores da formação do Benfica, é um grupo que ainda se mantém hoje, e já mais tarde o Ruben Amorim, Nuno Gomes, o Quim, Luís Filipe. Criamos uma relação especial e ficamos com uma amizade para sempre. O Moreno, o Josué, o David Simão também.
Miguel Vitor vai manter-se no Hapoel Beer Sheva de Israel
Como benfiquista custa-lhe ver o Rúben Amorim à frente do Sporting?
[risos] Custam, custa. E já lhe disse que ele me faz ficar contente com as vitórias do Sporting [risos]. É um sentimento misto.
Para quem está há tantos anos fora e segue o campeonato português, que opinião tem?
Acho que foi importante este ano a intromissão do Sporting entre o Benfica e o FC Porto que andavam sempre em luta nos últimos anos. É importante para o campeonato português ter o Sporting a bom nível e a lutar por títulos. E o Rúben conseguiu trazer novamente o Sporting a essa luta. Deixa-me um bocado triste no futebol português falar-se menos de futebol e mais do que se passa fora das quatro linhas. Isso entristece-me.
Quando jogou ao lado do Rúben Amorim imaginava que ele viesse a tornar-se treinador?
Na altura não conversávamos sobre isso. É sempre difícil de prever. Mas ele como jogador já tinha uma leitura de jogo muito boa, muito bom taticamente, ele fazia varia posições, às vezes até brincávamos com ele sobre isso, de ele fazer muitas posições. E via-se que era um jogador que tinha uma cultura tática muito grande e que percebia muito do jogo em si. Ele também apanhou treinadores muito bons ao longo da carreira, foi aprendendo e isso contribui para o seu sucesso enquanto treinador.
Tem algum talento escondido?
Acho que não [risos].
A sua mulher disse numa entrevista que é o homem dos petiscos.
Não sei se é um talento. De vez em quando sim, faço umas coisas. Como fui viver sozinho muito novo, fui melhorando e aperfeiçoando.
Quais são os seus petiscos mais apreciados?
Se calhar as amêijoas à bulhão pato, um camarão e um pica-pau.
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